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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Urticária: identificando causas

Muitas pessoas escrevem para o e-mail deste blog solicitando tratamento ou indicação de um remédio para tratar sua urticária. Contudo, não é possível tratar sem analisar os dados clínicos de cada paciente de forma criteriosa, já que o tratamento depende das causas envolvidas.
DetetiveNeste texto, são abordados os principais fatores causadores de urticária, na intenção de mostrar como é vasto este tema e como é fundamental a análise clínica feita pelo médico alergista. Cada pessoa é única e necessita ser vista individualmente, baseado em sua própria história.


Conceito: urticária é uma erupção na pele formada por placas salientes, esbranquiçadas ou avermelhadas, que coçam muito. Estas placas são fugazes, ou seja, desaparecem logo, mas tornam a aparecer em outras áreas do corpo.

Em alguns casos estas placas são pequenas, mas se unem formando grandes lesões, que assustam pelo visual e podendo acometer grandes áreas do corpo, sendo chamada de “urticária gigante”.

Classificação: as urticárias podem ser classificadas de formas variadas, mas a classificação mais usada se baseia no tempo da doença. Assim, URTICÁRIA AGUDA é de aparecimento recente (até 6 semanas) e URTICÁRIA CRÔNICA, quando os sintomas permanecem por mais de 6 semanas, surgindo em surtos de longa duração.


Na urticária aguda (recente) é relativamente fácil descobrir a causa determinante, pois em geral trata-se de um alimento, medicamento ou de uma situação esporádica. Mas nos casos crônicos, de longa duração, é bem mais complicado e esta descoberta torna-se problemática, já que em geral a causa é algo de uso habitual pelo paciente ou envolve fatores variados que necessitam ser pesquisados.

Identificação: a descoberta da causa da urticária é a base para o tratamento. E, na maioria das vezes, não existe exame ou teste que dê a resposta. O médico necessita atuar como um detetive, investigando pistas fornecidas pelo paciente ao contar sua história.


Nenhum exame ou teste substitui uma boa história clínica feita pelo médico alergista.

Hoje resumiremos as principais causas de urticária, de maneira geral, lembrando que nem sempre é uma só causa que está envolvida no problema e que cerca de 40 a 50% dos casos crônicos têm sua causa desconhecida (idiopática).


Urticária por medicamentos

Remédios são, sem sombra de dúvidas, uma das principais causas de urticárias, mas nem sempre fáceis de descobrir, já que em geral se tratam de medicamentos de uso contínuo, habituais, já usados anteriormente, portanto considerados inofensivos pelo paciente. Infelizmente no Brasil este é um problema sério, pois a automedicação é comum a todas as classes sociais.

Os medicamentos que mais causam urticária são: analgésicos, antinflamatórios e antibióticos.
O problema é que pessoas sensíveis a analgésicos são também sensíveis a vários outros remédios, como por exemplo, os antinflamatórios. Como não existem testes ou vacinas específicas para este caso, o alergista orientará o uso de medicações alternativas e seguras.

Urticária por alimentos e aditivos alimentares

Na urticária recente (aguda) é fácil identificar se a causa é alimentar, pois o próprio alérgico observa esta relação. É comum a urticária pelo camarão e crustáceos e as lesões na pele surgem logo após a ingestão do alimento.

Contudo, na urticária crônica, tudo muda de figura, pois surge em geral com alimentos habituais da dieta e considerados inofensivos pelo paciente.


É importante chamar a atenção que alimentos raramente causam a urticária crônica, em especial nos adultos, sendo mais comum nas formas recentes (agudas) da doença.
Os alimentos mais implicados como causa de urticária são: leite e derivados, ovos, peixe, camarão (crustáceos), lagosta

Em muitos casos, não é o alimento em si que causa a urticária crônica, mas sim aditivos usados em sua conservação ou para melhorar a aparência e sabor do alimento. Os aditivos que mais causam urticária são os sulfitos e a tartrazina (corante amarelo).

A urticária pode surgir mesmo quando a pessoa ingere mínimas quantidades do alimento. Por exemplo, ao ingerir peixe que teve contato com camarão ou que foi cozido na mesma panela onde foi feito um molho com camarão.


Urticária por parasitas intestinais

Vermes e parasitas podem causar urticária, seja em crianças ou em adultos. Um destaque deve ser dado às infestações causadas por um parasita chamado de “Giárdia” e ainda: “Ascaris”, “Trichuris”, “Entamoeba”.


Urticária por Infecção

É uma causa questionada, mas que pode ser observada quando a eliminação da infecção pode levar à cura de uma urticária crônica. Nem sempre é fácil de diagnosticar, mas deve ser lembrada na pesquisa de causas envolvidas.

Algumas viroses e doenças infecciosas podem ser precedidas por urticária,comopor exemplo, a mononucleose e alguns tipos de hepatite.

Urticária por agentes físicos

Este é um grupo de urticárias onde a causa está relacionada com fatores físicos

O dermografismo é o exemplo mais visto, onde as lesões aparecem após irritação da pele. É uma doença benigna, mas muito incômoda e que pode ser evidenciada ao riscar suavemente a pele. Outras urticárias são classificadas neste grupo: colinérgica, aos exercícios físicos, solar, ao frio, aquagênica, etc. Como se trata de um tema extenso, voltaremos a falar num próximo “post”.

Urticária por Insetos

Picadas de abelhas, vespas e marimbondos provocam urticária devido à reação alérgica ao veneno. Mosquitos e pulgas podem ocasionar urticária mas comumente provocam estrófulo.

Urticária por irritação primária

Algumas substâncias podem provocar urticária pela irritação intensa que causam na pele, em qualquer pessoa: os exemplos mais conhecidos são as água-vivas (medusas), urtigas, plantas. Alguns medicamentos que têm o poder de liberar histamina podem causar urticária, em especial a codeína e os produtos contendo iodo.


Urticária por fatores emocionais

Distúrbios psicogênicos podem ser causa de urticária em cerca de 10% dos casos. Contudo, o mais comum é que os fatores emocionais sejam fatores que agravam (pioram) o problema, mas não sendo causas únicas da doença.


Urticária por outras doenças

A urticária pode ser um sintoma de outras doenças, antes mesmo que se manifestem, como por exemplo, doenças da tireóide, reumatismos, doenças do fígado, diabetes, gota e inúmeras outras doenças.

Urticária de causa desconhecida (idiopática)

Em alguns casos, mais raros, mesmo pesquisando cuidadosamente, a causa da urticária pode não ser detectada, sendo estes casos rotulados como “idiopáticos”. Este é um termo usado na medicina para definir doenças onde não se consegue descobrir a causa, à luz dos conhecimentos atuais.


Calcula-se que no Brasil cerca de 40 a 50% dos casos são de natureza idiopática, ou seja sem o diagnóstico da causa da urticária.



Este texto foi desenvolvido baseado no livro: “Conheça sua Alergia”, de Lian Pontes de Carvalho e João Bosco Magalhães Rios, publicado em 2001 pela Editora Revinter.

domingo, 8 de fevereiro de 2009



urticaria

O que é?

É um quadro frequente, cuja característica principal é o surgimento de placas elevadas e avermelhadas na pele, acompanhadas de muita coceira. Entre os fatores desencadeantes mais envolvidos estão os medicamentos, alimentos, substâncias inaladas (perfumes, poeira, inseticidas, desodorantes...), infecções e agentes físicos (frio, calor ou pressão). Pode ocorrer em qualquer idade.

Os fatores desencadeantes ativam os mastócitos (um tipo especial de célula presente em nossa pele), que liberam substâncias químicas responsáveis pelos sintomas. A principal destas substâncias é a histamina.

Manifestações clínicas

A urticária pode ser aguda, quando as lesões desaparecem após alguns dias, ou crônica, quando persistem por várias semanas.

Na urticária aguda, geralmente o quadro é mais intenso. As lesões variam desde pequenos pontos avermelhados a placas maiores, avermelhadas e edemaciadas (inchadas), que podem se juntar atingindo grandes áreas. As lesões tendem a ter duração curta, desaparecendo e surgindo novamente em outros locais. Toda a superfície da pele pode ser atingida e o prurido (coceira) geralmente é muito forte.

Existe um tipo de urticária que se manifesta de forma muito intensa, o edema de Quincke, cuja principal característica é o inchaço. Manifesta-se frequentemente na face, com grande edema (inchaço) de lábios e pálpebras. Esta forma pode ser perigosa se o edema atingir a laringe, dificultando a respiração e levando à asfixia.

Na urticária crônica, o quadro é menos intenso, mas de longa duração. As lesões tendem a ser menores e podem existir continuamente ou desaparecer por um período para reaparecer posteriormente.

Formas específicas de urticária que vale a pena citar são:

  • dermografismo, quando forma-se uma placa de urticária linear após friccionar-se a pele com objeto pontiagudo
  • urticária por pressão, que forma lesões em áreas da pele que sofrem pressão contínua (área do sutiã ou do elástico das calças)
  • urticária por frio, quando surgem lesões após exposição ao frio (banhos de mar ou piscina com água gelada).

Tratamento

O tratamento da urticária visa inicialmente combater os sintomas provocados pela ação da histamina, e portanto, os anti-histamínicos são os medicamentos indicados. Produtos de uso local, como loções calmantes com mentol e cânfora, ajudam a aliviar a coceira.

No caso do edema de Quincke, a medicação deve ser iniciada com urgência e pode ser necessário o uso de corticosteróides de ação rápida, além dos anti-histamínicos, para evitar o edema da laringe.

No caso das urticárias crônicas, além da medicação sintomática, é importante descobrir o que está causando a urticária. Entretanto, muitas vezes, a causa permanece desconhecida. Vale ressaltar que até fenômenos emocionais podem desencadear ou prolongar a doença. O médico dermatologista é o profissional indicado para o tratamento das urticárias.

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