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quinta-feira, 8 de novembro de 2007


Doença do sono 'mata um pouco por dia'





Apnéia afeta 8,5 milhões de brasileiros, ou seja, 5% da população. Orientações sobre o distúrbio fazem parte da Campanha Nacional do Sono.

A apnéia é um distúrbio do sono que afeta cerca de 8,5 milhões de brasileiros, ou 5% da população do país, segundo estimativa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). "Quem tem essa doença morre um pouco por dia", afirma o neurologista Gilmar Fernandes do Prado, diretor do serviço de Neuro-Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante da diretoria executiva da ABN.


Para conscientizar os pacientes sobre os sinais do distúrbio e orientá-los a procurar o tratamento médico correto, a ABN promoverá no final deste mês a Campanha Nacional do Sono. A iniciativa mobilizará neurologistas de nove cidades para prestar esclarecimentos sobre os três distúrbios mais comuns dos 80 já identificados. Além da apnéia, serão abordadas a insônia e a síndrome das pernas inquietas.

Sufocamento

A apnéia, em casos crônicos, chega a ocorrer a cada um ou dois minutos de sono. Ela é provocada pelo fechamento da faringe, que obstrui a garganta, bloqueia a respiração por cerca de 20 segundos e faz com que a pessoa acorde abruptamente, roncando alto.

O sufocamento e a conseqüente falta de oxigenação provocam danos ao sistema neurológico que podem ser irrecuperáveis. "Se o paciente que tem apnéia não se trata, os neurônios vão morrendo ao longo do tempo. Assim, mesmo após a cura, a sonolência ao longo do dia pode persistir", detalha Prado, que denomina as crises da doença como “gotas de morte”.

A sonolência é apenas um dos sintomas, que incluem impotência, alteração do humor, redução da memória, da criatividade e da libido, além de insônia. De acordo com o neurologista, os pacientes demoram a percebê-los e ainda resistem a submeter-se a tratamentos.

Procure um neurologista

No dia 21, que marca o Dia do Sono, serão montados 11 estandes pelo país, onde um médico distribuirá panfletos sobre os distúrbios e conversará com os interessados. A ação ocorrerá em São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Salvador (BA) e Goiânia (GO).

Os médicos vão orientar as pessoas a procurar um neurologista, caso detectem sintomas de distúrbios do sono. Segundo Prado, da ABN, alguns pacientes levam anos até procurar profissionais especializados em tratar esse tipo de doença.

"Há casos de síndrome das pernas inquietas que o paciente leva 10, 15 anos para chegar no neurologista", diz Prado. "Eles procuram ortopedistas, reumatologistas e até psiquiatras".

Pernas inquietas

Quem sofre de síndrome das pernas inquietas sente forte dores nos membros inferiores e precisa massageá-los e andar para conseguir dormir. "As pessoas confundem a reação à dor com tiques, mas é a mais comum das desordens que nunca ouvimos falar", alerta Prado. Em casos graves, o distúrbio pode atingir os braços e as mãos.

Os médicos recomendam aos pacientes que evitem ingestão de cafeína, façam exercícios regulares e alongamento antes de dormir. Em 3% dos casos, o tratamento exige que se tome remédios pelo resto da vida.

Carneirinhos

A insônia, que também será abordada durante a campanha, é a incapacidade de iniciar ou manter o sono. Ela é provocada basicamente por preocupações. "Preocupação é a palavra. A insônia também é provocada pela forma de lidar com a própria rotina. A cama, às vezes, é um lugar para a pessoa pensar nas coisas que ela não teve tempo de pensar durante o dia", conta Prado.

Entre os tratamentos indicados está a terapia comportamental cognitiva, que estimula o paciente a readequar hábitos incompatíveis com o sono saudável, ensina técnicas de relaxamento e formas para evitar preocupações associadas ao sono ou ao horário de dormir.

"O lance é trocar o foco do paciente, fazê-lo pensar em outra coisa. A idéia é liberar o pensamento e não ter preocupações", explica a psicóloga Luciane Carvalho, pesquisadora do departamento de Neuro-Sono da Unifesp. Sobre a técnica de contar carneirinhos ensinada para as crianças, ela comenta que não costuma funcionar. "Quem tem insônia fica mais ansioso. Mas se funcionar, ótimo."

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