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domingo, 3 de outubro de 2010



e s p e c i a l p a i s


Quando as crianças não dormem...



Um bebé que não adormece pode levar qualquer um dos pais ao desespero. Na base deste problema estão, regra geral, os maus hábitos adquiridos. A permissividade somada ao ritmo frenético dos pais modernos abre as portas a perturbações no sono que podem custar caro à criança e aos pais. Disciplina e amor firme são as únicas formas de lidar com este problema.

Texto Joana Stichini Vilela, in revista XIS de 17 de Janeiro de 2004



O cenário já é de pesadelo. Todos os dias, a história repete-se: são quase duas da manhã e ainda estão os pais a tentar adormecer o bebé; no dia seguinte têm que levantar-se às sete da manhã, mas nem por isso a criança dá sinais de querer ceder.

Muitos de nós conhecemos ou vivemos situações como esta. Em certos casos, o princípio da noite é o momento mais temido do dia. Aquelas que deviam ser as horas do "descanso do guerreiro2 tornam-se nas horas de batalha das crianças contra o sono. Uma situação que devia ter tanto de natural como a hora de jantar ou do banho ganha contornos que parecem incontroláveis e que afectam todo o dia a dia dos envolvidos

Regra geral, os pais não percebem como é que chegaram a este ponto. É vulgar ouvir dizer que determinado bebé nunca dormiu bem; ou que, depois de ter passado a dormir sozinho, nunca mais teve um sono descansado; ou, ainda, que tudo mudou com o nascimento de mais um irmão. Por mais verosímeis que pareçam as justificações a verdade é bem mais simples. Na base de quase todos os problemas relacionados com o sono dos bebés estão os maus hábitos adquiridos.

Princípio dos problemas. As crianças sabem jogar com as situações; vão sempre até onde sabem que podem ir. Impor o limite cabe aos pais. Daí a importância das regras. quando não existe uma hora estabelecida para ir para a cama, ou quando essa hora não é cumprida, é normal que uma criança, ou mesmo um bebé, explore o cenário até ao limite.

O mesmo pode dizer-se em relação às histórias para adormecer ou às canções de embalar: em vez de uma ou duas, contam-se ou cantam-se as mesmas histórias e canções vezes sem conta.

Da mesma forma, se o bebé sente a companhia da mãe ou do pai durante o sono, não vai desistir até que isso aconteça. Esta situação está na base de vários casos de sono interrompido: a criança acorda para se certificar que o progenitor ainda está lá.

Um cenário semelhante é o da criança que exige a presença de alguém até adormecer. É frequente ouvirmos uma mãe queixar-se de que ficou meia hora de mão dada com o filho até que este adormecesse. As crianças utilizam estes últimos minutos antes do sono como uma espécie de "horário nobre": é o momento em que têm todas as atenções concentradas em si.

Esta necessidade de atenção não deriva necessariamente de um ambiente instável, mas pode agravar-se nesses casos. É frequente que o sono se torne mais agitado e interrompido. Muitas vezes os pais pensam que os filhos não os ouvem a discutir porque estão distraídos a brincar ou a ver televisão. É preciso ter em mente que, mesmo que não o digam, as crianças sentem quando algo não está bem. além do mais a própria entrega à televisão pode ser uma fonte de problemas.

um estudo feito por um hospital pediátrico norte-americano concluiu que as horas passadas a ver televisão são responsáveis por vários tipos de transtorno do sono. estes efeitos agravam-se se a criança tiver um aparelho de televisão no quarto. Quando a presença do aparelho se torna indispensável na hora de adormecer, estamos face ao pior cenário possível. os problemas causados pela televisão associam-se de forma directa à resistência aos horários estabelecidos, à dificuldade em adormecer e à ansiedade antes da hora de ir dormir e consequente encurtar da duração dos períodos de sono. Outra investigação estabeleceu uma relação de causa efeito entre o visionamento de programas de televisão até à hora de dormir e a ocorrência de pesadelos e de sonambulismo.

As consequências. Todos sabemos que o sono é essencial à vida. Quando dormimos mal, o nosso organismo vinga-se. O mesmo sucede com os bebés e com as crianças. Quando os problemas do sono ocorrem com persistência, passam a interferir nas actividades diárias e no comportamento dos mais novos.

Se um bebé está rabugento, poderá ser por falta de sono. Quando o problema é constante, é natural que a falta de paciência e o mau humor se agravem. Podemos dizer o mesmo acerca da falta de concentração, do fraco rendimento escolar e da consequente frustração. Uma criança cansada torna-se mais vulnerável e ansiosa, passa a ter um comportamento mais impulsivo e emocional.

Os pais também se ressentem. além do cansaço físico e emocional, esta situação pode causar instabilidade entre o casal. Acusações mútuas e insegurança passam a pertencer ao quotidiano. O sentimento de culpa é frequente, bem como a frustração e a sensação de impotência.

Soluções. As crianças têm uma grande capacidade de adaptação. Tal como adquiriram maus hábitos, podem adoptar uma rotina correcta. Mesmo que a princípio resistam (e há bebés e crianças especialmente difíceis), é tudo uma questão de pulso firme e de disponibilidade. Os pais são os responsáveis por impor e fazer cumprir um conjunto de regras, por estabelecer uma rotina e por criar um ambiente propício à chegada do sono (ver caixa "Preparar terreno para o João Pestana").

Calcula-se que três em cada dez crianças sentem dificuldade em adormecer ou têm um sono pouco descansado, seja devido a pesadelos, a sonambulismo ou a outros factores. Regra geral, o limite etário para esta situação são os cinco anos. no entanto só em casos extremos será preciso esperar até essa idade. Porque com a dose certa de disciplina é possível dar a volta ao problema e, até mesmo, preveni-lo.



A importância da sesta

As crianças vivem cada vez segundo os horários dos pais. Se há 30 ou 40 anos as mães estavam em casa e podiam gerir o dia-a-dia de acordo com as necessidades dos mais pequenos, hoje essa organização é praticamente impossível. para que possam passar algum tempo na companhia dos pais, os miúdos acabam por ir para a cama muito mais tarde do que o recomendável.


Com o risco de os dias se tornarem demasiado longos e cansativos, a sesta passou a ser um hábito ainda mais importante. É que as crianças não conseguem dormir todas as horas de que necessitam durante a noite e os dias são cada vez mais compridos.

O descanso é fundamental para o equilíbrio da criança. quando dorme, sonha, e esse sono "recarrega" as baterias do sistema nervoso. Quando acorda está mais bem disposta.

Mesmo que os miúdos resistam a dormir depois do almoço, há que insistir. deve criar-se um ambiente propício ao descanso: tranquilidade, temperatura agradável e conforto. É importante deixar entrar alguma luz no local da sesta para combater os medos típicos da idade e para distinguir o sono diurno do sono nocturno. Mesmo ao fim de semana devemos manter as rotinas. Em casa ou na escola a sesta é indispensável. É possível, no entanto, abrir excepções. Mas atenção, há que ter cuidado para que a excepção não se torne regra.

O período de descanso vai ficando mais curto de forma natural. As necessidades variam de caso para caso. Por volta dos cinco anos é normal que a criança já não queira dormir. O hábito perde-se de forma definitiva quando os miúdos entram para o primeiro ano de escolaridade.


Preparar o terreno para o João Pestana

Para evitar eventuais problemas no sono, a chave está na prevenção. Os bons hábitos criam-se e incutem-se. É tudo uma questão de amor firme.

- Estipular um horário para dormir e cumpri-lo. mandar a criança para a cama e acordá-la sempre à mesma hora. Atenção que nem todos os miúdos têm a mesma necessidade de sono.

- Preparar o terreno com um banho relaxante e com um ambiente tranquilo.

- Iniciar um ritual simples para a hora de dormir, tal como contar uma história ou conversar sobre os acontecimentos do dia.

- incentivar a discussão de qualquer experiência assustadora ou perturbadora que possa ter acontecido durante o dia. estes episódios podem ser muito significativos para as crianças mais sensíveis ou impressionáveis.

- Para tranquilizar os mais medrosos, deixar a porta entreaberta e uma luz acesa durante toda a noite .

- A maior parte dos miúdos gosta de ter a companhia de um boneco macio durante o sono.

- Incentivar actividade física rigorosa durante a manhã ou a tarde.

- Evitar programas televisivos assustadores antes da hora de dormir.

- Evitar dar estimulantes, tal como bebidas que contenham cafeína, açucares refinados ou chocolate.

- Não servir refeições pesadas ao fim da noite. Se for necessário, antes da hora de dormir, dar um lanche leve à criança, como um copo de leite ou uma torrada.

Caso siga estas medidas e o problema persista, é melhor consultar um psiquiatra.

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Sono/Distúrbio do sono

Soluções para fazer dormir os bebês

26/11/2005

Médicos avaliam soluções para fazer dormir os bebês

O sono não vem. E o que é pior: não é o seu, é o do seu filho. Quem já enfrentou uma criança acordada em casa enquanto se sente exausto conhece o drama. E, entre sentimentos de culpa, impotência e irritação, os pais buscam meios de adormecer o pequeno.

O tema, que já rendeu páginas e páginas de livros mundo afora, é assunto também de uma tese de doutorado que está sendo realizada pela pediatra, psicoterapeuta e especialista em sono Eduardina Telles Tenenbojm. Ainda em fase inicial, o estudo está sendo conduzido no departamento de neurologia clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e busca investigar o elo entre a relação mãe-bebê e a dificuldade de dormir apresentada por crianças com até dois anos de idade.

Nos bebês, o uso de medicação para insônia não é indicado. Meu objetivo é chegar a fórmulas de intervenções breves, como consultas terapêuticas, que forneçam resultados consistentes", explica a médica.

Ela diz que mães que enfrentaram situações de luto ou perda recentes são atingidas com mais freqüência pela falta de sono dos filhos. "Bebês que não dormem acabam por trazer a síndrome de privação de sono para o cuidador, que geralmente é a mãe. Ela se sente irritada e chega a ter dificuldades de concentração e de memória. Por outro lado, na relação com a criança, revelam-se também dificuldades que a mãe está enfrentando em outro setores de sua vida. Essas dificuldades se manifestam sob a forma de insônia no bebê ", diz.

Miriam Matos Lagoa, 34, profissional da área de educação física, não dorme direito há sete meses --idade atual do filho Iago Ferrari.

"No meio da gravidez, o relacionamento com pai dele acabou e fiquei deprimida. Acho que ele sentiu isso tudo e, de certa forma, teve um impacto. O sono dele é muito picado, geralmente desperta de meia em meia hora, mesmo tomando um calmante fitoterápico desde os dois meses. Passo a maior parte da noite acordada, faço mamadeira, dou o peito, canto, empurro o carrinho pela sala, tudo para tentar acalmá-lo. Vivo morta de sono, com a rotina atrapalhada pelo cansaço", relata.

"Cheguei à conclusão de que ele é assim mesmo", afirma a artista plástica Alba Nascimento, 33, em relação às poucas horas de sono do filho Filipe Rudah, 22 meses. "Já fiz curso de shantala, pratiquei ioga --porque podia ser eu a estressada-- , levei-o para fazer exames, para benzer, para tomar florais, para fazer homeopatia, dei banho de imersão em camomila. Nada adiantou. O sono dele é leve e ele dorme pouco. Vivo com olheiras", conta Alba.

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Publicado por: Dra. Shirley de Campos



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