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sexta-feira, 25 de março de 2011

Parar um Sangramento Nasal

Apesar de ser assustador ver sangue saindo do nariz, ficar calmo é muito importante. Se você seguir os passos abaixo, você deve conseguir conter o sangramento nasal.

Durante o Sangramento Nasal

Método da Pinça

  1. Segure o nariz com dois dedos, pinçando o septo nasal (a pele entre as narinas). Existe uma veia que passa ali que é a culpada de 99% dos salgramentos nasais. Pressionar pode segurar o fluxo de sangue, parando o sangramento e acelerando a coagulação.
  2. Encontre um banheiro enquanto continua a segurar o nariz. Agora que você retardou o sangramento pinçando o nariz, você deve encontrar um banheiro onde possa se limpar depois do sangramento terminar.
  3. continue pressionando por pelo menos cinco minutos. Solte periodicamente para ver se ainda está sangrando (É uma boa hora para rápidamente lavar qualquer sangue das mãos e pegar uma toalha de papel para segurar de modo que o sangue fique no papel e não nas mãos). Se estiver sangrando, continue segurando. Não veja se parou a cada 30 segundos, uma vez que a pressão constante é importante para estancar o sangue.

Método da Pressão

  1. Encontre duas pequenas depressões na parte de trás do crânio, aproximadamente a quatro dedos da base do crânio (na linha do topo das orelhas) e quatro dedos do meio do crânio. Se você tivesse olhos atrás da cabeça, é ali que eles ficariam.
  2. Pressione as cavidades firmemente, mas sem machucar, e se você pressionou corretamente, o sangramento deve parar imediatamente. Mantenha a pressão por cinco minutos e solte. Se o sangramento recomeçar, repita o processo, mas segure por mais tempo: Você deve ter que manter a pressão por dez a quinze minutos para estancar completamente.

Método do Lábio superior

  1. Faça um "cigarro" de gaze de mais ou menos 5 cm de comprimento e um pouco mais grosso do que um lápis.
  2. Coloque o tubo abaixo do seu lábio superior e empurre para cima da gengiva, fechando o lábio sobre ele.
  3. Aplique pressão comprimindo seu lábio sobre o tubo. Incline a cabeça para a frente.


Depois do Sangramento

  1. Limpe seu nariz após o sangramento. Assopre o nariz com cuidado para remover o excesso de sangue. Você pode enrolar a ponta de uma toalha de papel para usar como uma haste de algodão improvisada. Limpe seu nariz, mas seja delicado, pois muita força pode reiniciar o sangramento, mas se recomeçar a sangrar, é um sinal de que ele não foi estancado apropriadamente em primeiro lugar.
  2. Limpe todo o resto. Suas mãos, rosto, a pia - qualquer coisa na qual pode ter pingado sangue deve ser limpa.
  3. Hidrate. Se tiver hidratante ao alcance, coloque um pouco no nariz para ajudar a cicatrizar e prevenir que sangre novamente. Se você tiver propensão a sangramentos nasais, é uma boa idéia fazer isto todos os dias para prevenir o sangramento, especialmente se o clima estiver seco.
  4. Carregue guardanapos, uma toalha de papel ou um rolinho de papel higiênico consigo no caso de reiniciar o sangramento. Se não sangrar novamente na próxima hora, você deve estar seguro.
  5. Evite fazer qualquer coisa que possa reiniciar o sangramento. Não sopre o nariz, limpe ele, ou bata ele em nada se for possível. Sangramentos nasais podem ser causados por acidentes, mas são mais comuns por causa de clima seco, fazendo as membranas nasais secarem e racharem. Apesar de não sentirmos, o resultado é óbvio.


Dicas

  • Existem várias maneiras de parar um sangramento nasal quanto existem para curar soluços. Você vai ter que tentar para encontrar as que funcionam melhor com você. Alguns outros truques e dicas são:
    • Para sangramentos mais severos (que durem mais de cinco minutos), você pode precisar segurar uma bolsa de gelo no nariz. Isto vai fazer com que os vasos sanguíneos se contraiam, reduzindo o fluxo de sangue.
    • mantenha chaves de metal no freezer em uma sacola de plástico, e quando o sangramento iniciar, pegue elas e segure na parte de trás do pescoço até o sangramento parar.
    • Pegue um absorvente feminino do tipo tampão (tamanho mini), e coloque ele para tampar a narina. Ele vai absorver o sangue, e quando parar se sangrar, gentilmente puxe ele. Apesar dos absorventes não são considerados estéreis, eles geralmente não têm uma contagem grande de bactérias.
    • Um método folclórico que algumas vezes funciona e levantar uma das pernas, tirar o sapato, e bater na planta do pé algumas vezes. Apesar de parecer estranho, algumas vezes funciona.
  • Abra sua boca, como em um bocejo. Isto reduz a pressão no nariz se você teve um sangramento recente e estiver preocupado em ter outro.
  • Se tiver uma grande quantidade de sangramentos nasais, fale com seu médico sobre cauterizar o nariz. Isto pode reduzir grandemente as chances de sangramento, se não impedí-los completamente.
  • Use um spray salino para o nariz durante a estação da alergia, se você tiver sangramentos frequentes nesta época.
  • Respire pela boca durante o sangramento (você vai fazer isto automáticamente), mas não tente inalar pelo nariz, não vai ser divertido. Exalar pelo nariz vai encorajar o sangramento.
  • Para prevenir futuros sangramentos, aumente a umidade do seu quarto usando um umidificador. A maioria dos sangramentos é causado quando os vasos sanguíneos ficam secos e rachados.

Avisos

  • Não é recomendado inclinar a cabeça para trás quando estiver sangrando (ao contrário da crença popular). Isto faz com que o sangue caia no esôfago, e pode causar asfixia. Incline sempre para a frente.
  • Sangramentos nasais são perigosos. Se se sentir tonto ou leve, chame um médico imediatamente.
  • Se a pessoa apresentar febre no período do sangramento- Busque socorro médico; segundo um que acabo de consultar, os mesmos não apresentam riscos desde que sem a presença de febre.

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Categorias:Saúde

sábado, 19 de março de 2011

BIPOLAR

O que é Transtorno de Humor Bipolar (TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR)?

O TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR, também conhecido como Psicose Maníaco-Depressiva (PMD) ou Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), é uma doença psiquiátrica crônica que ocasiona oscilações de humor que podem ir da depressão à euforia. É uma doença biológica que se expressa por meio do comportamento da pessoa. Pode ser influenciado por fatores sociais e trazer sérias conseqüências para a vida do paciente e daqueles que o rodeiam, principalmente a família.

A doença tem ciclos de mania (euforia) ou hipomania (euforia branda), depressão leve ou profunda ou estados mistos (humor agitado, ansioso e raivoso). A intensidade, a duração e a manifestação variam de pessoa para pessoa.

É uma doença crônica, ou seja, não há cura conhecida, mas existe controle quando tratada. O diagnóstico é difícil, principalmente porque os pacientes procuram os médicos só quando estão com depressão. Por isso o TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR é facilmente confundido com depressão simples. O erro de diagnóstico pode piorar a doença. Os medicamentos antidepressivos utilizados de forma errada ou sem estabilizador de humor podem levar o paciente a estados graves, podendo terminar em tentativa de suicídio. Uma em cada duas pessoas diagnosticadas como depressivas tem, na verdade, bipolaridade. O portador de TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR demora, em média, 10 anos para ser diagnosticado, passa por, pelo menos, quatro médicos e tem três diagnósticos diferentes antes de receber o correto. Assim, é importante que o paciente se informe a respeito da bipolaridade e que procure um psiquiatra tão logo desconfie ter sintomas de mania, hipomania ou depressão. Por ser uma doença muito influenciada pela genética, o paciente deve olhar para a sua história familiar.

Informações

É preciso ter conhecimento sobre o TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR. Na Internet é possível encontrar informações de todo tipo, procurar em sites especializados e em grandes universidades ajuda a fugir de armadilhas. Existem orkuts que passam muitos dados falsos e perigosos para os pacientes. Ao final deste manual, listamos alguns dos sites e livros mais importantes para obter informações seguras sobre a doença.

O TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR divide-se em:

· TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR tipo I = um ou mais episódios de mania ou de estados mistos e de depressão.

· TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR tipo II = um ou mais episódios depressivos maiores acompanhados de, pelo menos, um episódio hipomaníaco.

· Ciclotimia = ocorrência em numerosos períodos de sintomas depressivos e maníacos menores.

O TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR é uma doença que pode causar grandes problemas na vida do paciente, de sua família e da sociedade. Freqüentemente causa prejuízos irreparáveis na saúde, na reputação e nos gastos do indivíduo, além do sofrimento psicológico.

O Transtorno de Humor Bipolar é comum?

O TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR afeta cerca de 5% a 10% da população mundial e atinge igualmente homens e mulheres.

O início da doença ocorre geralmente na adolescência (entre 15 e 19 anos), mas pode ser diagnosticada na infância ou na fase adulta. Raramente surge após os 50 anos.

* Quanto mais cedo for dado o diagnóstico, menores são os prejuízos sobre os portadores e familiares. Os pacientes bipolares não-tratados vivem, em média, 8 anos a menos do que o restante da população.

Quais são as causas do TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR?

O TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR tem grande influência genética ou hereditária. Fatores psicológicos e sociais podem desencadear o processo, mas a doença é física, biológica. Assim, pessoas que possuem na sua história familiar casos de TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR ou de depressão, devem prestar atenção para sinais de manifestação da doença. A primeira manifestação pode ser por causa de uma situação difícil, como a perda de um ente querido. No entanto, quanto mais surtos, mais o doente tem crises sem motivo aparente e sem nenhuma razão conhecida. A doença acontece dentro do doente.

IMPORTANTE

Herda-se a possibilidade de ter o TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR e não a doença!

Como reconhecer a mania?

Para ter característica de mania é necessário ter 3 ou mais dos sintomas abaixo descritos:

· Sensação de grandiosidade (a pessoa se acha o máximo ou fica irritada sem motivo);

· Gasta muito dinheiro em coisas sem importância e pode fazer dívidas desnecessárias;

· Diminui o número de horas que dorme sem perder energia ou ânimo;

· Tem muitas idéias, pensamento rápido;

· Fala rápido (tagarela) pulando de um assunto para outro;

· Não consegue prestar atenção por muito tempo em uma coisa, distrai-se facilmente, age sem pensar;

· Corre risco, não vê perigo por se achar "poderoso" (dirige perigosamente, briga verbal ou fisicamente com desconhecidos, envolve-se sexualmente com várias pessoas);

· Usar álcool e drogas;

· Sensação de poder, de ter habilidades e dons especiais, de ser invencível;

· Agride as pessoas fisicamente ou com palavras;

· Perde ou diminui a capacidade de analisar as situações;

· Fica muito irritado ou alegre demais, exageradamente, sem nenhum motivo;

· Em casos mais graves, pode ver coisas, ouvir vozes e delirar.

· A hipomania é um estado de euforia mais leve que a mania. Na maioria das vezes ninguém repara e é confundida com estados de alegria, muito trabalho ou de irritação. A duração varia dependendo da pessoa. Às vezes, pode durar anos sem que ninguém perceba.

Como reconhecer a depressão?

A depressão é geralmente confundida com tristeza que é um sentimento comum quando acontece alguma coisa ruim em nossa vida. Quando esse sentimento demora demais ou não tem sentido para quem olha de fora, pode-se falar em depressão. Ela pode se arrastar por dias, meses ou até anos.

Os principais sintomas são:

· Sentimentos profundos de tristeza;

· Sensação de vazio, falta de esperança que, em alguns casos, pode se mostrar como irritação;

· Perda ou diminuição do interesse por coisas que antes davam prazer (trabalho, diversão, sexo);

· Diminuição ou aumento de peso/apetite;

· Excesso ou diminuição da necessidade de sono;

· Inquietação ou sensação de estar mais lento para fazer tarefas que antes fazia sem dificuldade;

· Cansaço exagerado, sensação de fraqueza;

· Pensa que é inútil, é pessimista, se desvaloriza e se sente culpado;

· Não consegue pensar direito, se decidir ou lembrar das coisas;

· Tem dores ou outros sintomas físicos sem causa nenhuma;

· Pensa em morte e pode fazer planos para se matar.

Como reconhecer o estado misto?

No estado misto o paciente:

· Fica maníaco e depressivo ao mesmo tempo (pensamentos ruins e angustiantes de forma muito rápida);

· Muda de humor sem motivo nenhum podendo sentir-se deprimido pela manhã e eufórico com o passar do dia, ou o contrário;

· Fica agitado e angustiado, não tem esperança e tem vontade de morrer, podendo ter ataques de raiva e ficar explosivo;

· Não consegue dormir e come demais ou de menos;

· Pode chorar e rir ao mesmo tempo ou chorar e depois rir sem motivo nenhum e mudar de repente;

· Em casos mais graves pode ver coisas e ouvir vozes.

· A característica mais marcante no episódio misto é um sentimento ruim, de um peso no peito, de tristeza e de angústia misturados, mas muito agitado e, às vezes, com raiva.

Suicídio e TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR

Há um aumento do risco para suicídio em pessoas bipolares: cerca de 15 a 20% maior que o resto da população. Aproximadamente 25% dos pacientes bipolares tentam suicídio em algum momento de suas vidas e 11% morrem.

O que pode aumentar o risco de suicídio:

· Outras tentativas;

· Pessoas na família que se mataram ou que tentaram;

· Número de depressões e sua gravidade;

· Abuso de álcool e drogas;

· Pessimismo exagerado;

· Agressividade e impulsividade;

· Falar que quer morrer, que a vida não tem mais sentido.

Dificuldades

Existem alguns fatores que contribuem para a piora da bipolaridade. A reação ao diagnóstico geralmente é a seguinte:

· Negação – o paciente não acredita que tem uma doença mental e que precisa de tratamento para o resto da vida;

· Raiva ou revolta;

· Depressão;

· Elaboração – o paciente acredita que está doente e que precisa de tratamento (nem todos chegam a essa etapa).

Alguns pacientes podem acreditar que estão doentes, mas, depois de um surto, volta a ter raiva ou negam que precisam de tratamento. Isso varia de pessoa para pessoa.

É muito difícil aceitar a doença (tanto a família como o paciente) por causa do preconceito que se tem sobre as doenças psiquiátricas. Por isso é importante entender que o TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR é uma doença biológica e, mesmo atingindo o comportamento, não se deve julgar o doente, o que aumenta o preconceito e afeta a possibilidade de recuperação, piorando seu estado, motivo pelo qual é muito importante a família estar ao lado do doente e acompanhar seu caso.

Há muitas FALSAS crenças que pioram o tratamento da doença:

· Bipolaridade ou PMD = loucura (a imagem dos "loucos" nos meios de comunicação, principalmente na televisão, é de que são perigosos ou então simplesmente de gozação dos doentes mentais).

· A idéia de que a doença não precisa de tratamento. O tratamento é para a vida inteira. Se o doente melhora, não deve parar de tomar seus remédios porque significa que estão fazendo efeito. Se parar piora e o estado vai se tornando cada vez mais grave.

· Medo do tratamento por achar que o remédio muda a personalidade. O tratamento certo não muda a personalidade, mas o errado pode fazer isso.

· Outro problema é saber que tem que tomar remédio para o resto da vida. Assim como um diabético precisa, muitas vezes, da insulina para o resto da vida, por exemplo, o TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR é também uma doença crônica e o paciente precisa, sim, tomar medicação para o resto da vida porque a doença não tem cura. É importante não dar ouvidos a casos miraculosos de cura, pois isso pode prejudicar muito o tratamento.

· Os pacientes podem achar que o medicamento causa dependência. O que acontece é que, quando o paciente deixa de tomar os remédios, a doença volta a se manifestar, assim como o diabético que deixa de tomar insulina, mas a falta do medicamento não dá síndrome de abstinência, como alcoólicos que deixam de beber, por exemplo. O que acontece é que a doença, que estava controlada, volta.

· Há também o medo da doença, o pavor de não ser normal e de ter filhos que podem ser doentes também. A reação das pessoas conta muito e essa é uma das principais razões da importância do envolvimento da família para entender e tratar a doença. A falta de compreensão e de informação faz com que as pessoas pensem que o bipolar é preguiçoso, quer chamar atenção, que se tiver força de vontade sai dessa. Além disso, dizem que o doente é inútil, descontrolado, louco ou fraco.

· Também tem uma hora que o paciente cansa e que a família também cansa, porque a doença é difícil. É preciso entender que o doente não pode ser julgado, que é grave e que não está relacionado com a força de vontade, com o caráter ou com a personalidade do paciente. Se uma pessoa tem uma doença crônica no coração, por exemplo, ninguém diz para o doente abandonar os remédios e nem que ele, por sua própria vontade, vai se curar.

· Uma coisa que atrapalha muito o tratamento é achar que a doença é espiritual, que é "encosto". A doença é biológica, crônica e com grande influência genética. Como ela afeta o comportamento, muitas pessoas tratam o assunto com irresponsabilidade, dizendo que o problema é espiritual. O paciente pode seguir sua religião, mas nunca abandonar o tratamento psiquiátrico e psicológico. As boas orientações espirituais tratam o assunto com responsabilidade e recomendam que os pacientes não abandonem os remédios e nem o tratamento psicológico, além de oferecer conforto espiritual.

Tratamentos do TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR

O TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR afeta profundamente a qualidade de vida dos doentes e de sua família. Os pacientes com TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR têm enorme dificuldade para enfrentar a rotina. É comum trocarem o dia pela noite e usarem drogas ou álcool, o que é um desastre e pode causar a morte por suicídio. O sono (essencial para bipolares), a medicação certa, a criação de uma rotina, a psicoterapia e uma vida saudável contribuem para que o doente tenha cada vez menos crises e menos graves.

Medicações:

Os pacientes devem seguir a orientação do psiquiatra para o uso de remédios. Caso a pessoa não melhore ou piore, a família deve levá-lo novamente ao psiquiatra e se, mesmo assim, o paciente não melhorar, deve-se procurar a ajuda de outro psiquiatra para uma nova avaliação.

É importante que pacientes bipolares não tomem antidepressivos ou somente tomem com regulador de humor, sob prescrição médica. O risco de uma "virada" pode levar ao suicídio.

Psicoeducação:

A psicoeducação ensina os paciente e familiares a compreenderem a doença e a enfrentar suas conseqüências. Além disso, a psicoeducação melhora o controle da doença, ajuda a reconhecer sintomas e novos episódios, por isso, todos os familiares devem participar.

Outros tratamentos:

Internação hospitalar: pode estar indicada quando o paciente apresentar riscos para si mesmo e para outras pessoas. Os riscos envolvem não apenas a vida, mas a moral do próprio paciente ou de familiares e amigos.

Eletroconvulsoterapia (ECT): existem muitas lendas sobre o eletrochoque. A verdade é que ele pode salvar muitas pessoas que estão em estado grave quando outros meios não ajudam.

Sobre os exames laboratoriais:

O médico deve pedir, regularmente, exames clínicos. Esteja atento(a) e peça a ele, se for necessário.

Lembretes sobre a medicação:

· Toda a medicação deve ser tomada, de preferência, com água.

· Sempre avisar o médico se está tomando outro remédio, nem que seja remédio para dor de cabeça, para evitar efeitos colaterais.

· Todas as medicações causam efeitos colaterais. Os mais comuns são o ganho ou perda de peso, tremores, boca seca, intestino preso, sonolência e dores de cabeça. A maior parte deles diminui com o tempo. Existem dicas que ajudam a reduzir estes efeitos, abaixo listamos algumas:

· Para evitar excesso de peso – fazer 5 a 6 refeições por dia e não pular refeições para reduzir a vontade de "beliscar". Faça uma lista dos maus hábitos alimentares e vá tentando modificar um por vez: troque refrigerantes por sucos naturais, mastigue muito bem o alimento, evite gorduras, frituras, doces e refrigerantes, use açúcar com moderação, faça as refeições em locais tranqüilos, aumente o consumo de frutas em lugar dos doces e verduras, tenha regularidade nos horários e faça exercícios.

· Para boca seca - beba de 8 a 10 copos de líquidos por dia, evite alimentação seca e quente demais, utilize molhos e caldos à base de carnes. Alimentos frios, como picolés e sorvetes de frutas cítricas, são úteis para estimular a salivação, dê preferência a sucos e frutas cítricas, chupe balas de limão e gomas de mascar sem açúcar, evite alimentos muito salgados ou muito temperados.

· Para evitar a intestino preso – coma frutas que soltem o intestino (laranja com bagaço, bergamota, mamão, ameixa, uva, manga, morango, kiwi, abacaxi) pelo menos 3 vezes ao dia. Coma vegetais, de preferência crus, prefira cereais integrais, tome líquidos apenas entre as refeições, preste atenção no horário de ir ao banheiro e não deixe para mais tarde, não abuse de arroz branco, massas, batata, mandioca, banana prata ou maçã, embutidos, produtos de pastelaria.

TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR e Adesão

A maior dificuldade na manutenção do tratamento é a má-adesão. A adesão é seguir as orientações do médico; é o não-abandono dos medicamentos, mesmo que o paciente ache que está curado. Vamos lembrar de novo: o TRANSTORNO HUMOR BIPOLAR não tem cura, mas tem controle quando o remédio é certo e o paciente não pára de tomar. A não-adesão pode fazer o paciente piorar e entrar em surto de novo, aumentando o risco de suicídios. É importante que a família apóie o paciente para que ele não sinta vergonha de tomar um remédio psiquiátrico.

Para saber mais:

Neste manual descrevemos alguns assuntos importantes sobre Transtorno de humor Bipolar. Salientamos que o conhecimento sobre a doença é fundamental para aprender a lidar com ela. Para saber mais sobre o assunto existem diversos sites, livros e filmes, abaixo algumas sugestões

Sites:

ABRATA – Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos. www.abrata.com.br

Instituto de Psiquiatria – Hospital das Clínicas – FMUSP

Grupo de Estudos de Doenças Afetivas – GRUDA www.hcnet.usp.br

PRODAF – Programa de Distúrbios Afetivos e Ansiosos www.unifesp.br/dpsiq/grupos/assistenc.htm

Hospital de Clínicas de Porto Alegre – HCPA – Laboratório de Psiquiatria Molecular www.pesquisabipolar.com.br

STABILITAS – Associação dos Usuários de Estabilizadores do Humor Familiares e Amigos www.stabilitas.kit.net

Temperamento Forte e Bipolaridade www.bipolaridade.com.br

Associação Brasileira de Transtorno Bipolar www.abt.org.br

Janssen-Cilag www.janssen-cilag.pt/disease/detail.jhtml?itemname=bipolar

Portal de Psiquiatria http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=367&sec=26

Psicosite www.psicosite.com.br

UNIFESP – EPM www.unifesp.br

CREMESP – Conselho Regional de Medicina de São Paulo www.cremesp.org.br

Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares www.adeb.pt

Livros:

Uma Mente Inquieta, de Kay Redfield Jaminson.

Quando a Noite Cai – Entendendo o Suicídio, de Kay Redfield Jamison.

Temperamento Forte e Bipolaridade, de Diogo Lara.

Dentro da Chuva Amarela, de Walther Moreira.

Digerindo a Bipolaridade, de Alexandre Fiúza.

O Brilho da sua Luz, de Danielle Stell.

Uma Viagem entre o Céu e o Inferno, de Luiz Humberto Leite Lopes.

Não Sou uma Só: o Diário de uma Bipolar, de W. Mariana.

Da Psicose Maníaco-Depressiva ao Espectro Bipolar, de Ricardo Alberto Moreno.

Um Bipolar que deu Certo, de João Henrique Machado de Ávila.

Perturbação Bipolar – Guia para Doentes e Suas Famílias, de Francis Mondimore

Filmes:

Mr. Jones – filme com Richard Geere

TRATAMENTO


TRATAMENTO DA BIPOLARIDADE




Como regra, quem tem bipolaridade do humor se beneficia enormemente do tratamento, que envolve uma combinação de abordagens, como a psicoeducação (conhecer o próprio temperamento, o seu padrão de humor e a bipolaridade), psicoterapia (para harmonizar os padrões de pensamento, de relacionamento e elaborar novas estratégias), bons hábitos de vida e tratamento farmacológico com estabilizadores de humor.

Os antidepressivos devem ser reservados para casos restritos porque muitas vezes desestabilizam ainda mais o humor.



Estabilizadores de humor não-farmacológicos


Sono de 7 a 9 horas por dia

Exercício físico, principalmente aeróbico

Boas relações afetivas, ter um bom grupo social, ter um confidente

Artes, hobbies, esportes, meditação, animal de estimação...

Alimentação saudável, particularmente peixe

Trabalhar com o que gosta de fazer

Primar pelo meio-termo e a ponderação nos momentos difíceis

Fé e espiritualidade


FAMOSOS COM BIPOLARIDADE:

Abraham Lincoln, Presidente dos Estados Unidos
Agatha Christie, escritora de mistério
Amy Lee (cantora dos evanescence), compositora e pianista
Axl Rose, músico ( vocalista do Guns n' Roses)
Brian Wilson, músico (Beach Boys), compositor
Britney Spears , cantora
Buzz Aldrin, astronauta
Cary Grant, ator
Carrie Fisher, escritor, ator
Cássia Kiss, atris
Cazuza, compositor, cantor
Celina Borges , cantora (musicas católica)
Charles Chaplin ator, diretor, roteirista (cinema)
Charles Dickens, escritor
Dimitri Mihalas, cientista
Edgar Allan Poe, autor
Elvis Presley ,cantor, compositor
Elizabeth Taylor atris,cinema
Emile Zola, escritor
Ernest Hemingway, escritor
F. Scott Fitzgerald, escritor
Fernado Pessoa , poeta , escritor
Francis Ford Coppola, diretor
Georgia O'Keeffe, artista
Gia Marie Garangi, supermodel GIA
Graham Greene, escritor
Gordon Summer (Sting), músico, compositor
Hans Christian Andersen, escritor
Honore de Balzac, escritor
Isaac Newton, cientista
Janis Joplen , cantora
Jean-Claude Van Damme, atleta (artes marciais), ator
Jim Carrey, ator
Jimmi Hendrix, cantor
Kay Redfield Jamison, psicóloga, escritora
Kurt Cobain ( ex- vocalista do Nivarna)
Larry Flynt, editor de revistas
Leon Tolstoy, escritor
Linda Carroll Hamilton, atriz americana
Liz Taylor, atriz
Marilyn Monroe, atriz
Mark Twain, autor
Mel Gibson, ator
Michelangelo, artista
Napoleão Bonaparte, general
Peter Tchaikovsky, compositor
Phil Graham, dono do jornal Washington Post
Platão, filósofo, de acordo com Aristóteles

Rita Lee, cantora
Robert Boorstin, escritor, assistente especial do Pres. Clinton, Depto. de Estado EUA
Robin Williams , ator (cinema)
Sigmund Freud, médico
Tennessee Williams, escritor
Ulisses Guimarães , político
Victor Hugo, poeta
Vincent van Gogh, pintor
Virginia Woolf, escritora
Vivien Leigh, atriz ( E o vento levou)
Winston Churchill, Primeiro Ministro Britânico
Wolfgang Amadeus Mozart, compositor

5 coisas que você deve saber sobre o Transtorno Bipolar do Humor

Opiniões | 24/07/2009


Tags: Bipolar, distúrbios, Psicologia


1. O que é Transtorno Bipolar do Humor?

O Transtorno Bipolar é uma doença grave, limitante e que pode causar prejuízos importantes na vida de uma pessoa. A partir do aumento de estudos científicos nessa área, o diagnóstico tornou-se mais preciso e, por isso, cada vez mais pessoas são diagnosticadas como portadoras deste transtorno. De uma maneira geral, a principal característica do Transtorno Bipolar é a presença de instabilidade ou oscilação do humor. A pessoa bipolar apresenta fases de depressão e fases de mania ou euforia que se alternam ao longo do tempo. Pode manifestar-se de varias formas, dependendo da duração e intensidade das fases de mania e depressão.

Na euforia ou mania, ocorre uma ativação dos processos psíquicos, o humor do paciente fica exaltado, “para cima”, com aumento de energia, de forma desproporcional ou sem relação com eventos da vida. O paciente pode se irritar facilmente e o fluxo de idéias, ficando acelerado. Também pode acontecer de, subitamente, o indivíduo passar a ter idéias bizarras, místicas ou espirituais que não fazem parte de suas crenças habituais. A alegria ou exaltação que normalmente as pessoas sentem não é tão duradoura, nem oferece riscos como a que ocorre no estado de euforia – que podem durar dias, semanas ou meses. Além disso, na mania acontecem mudanças importantes no comportamento, saúde física e raciocínio (o pensamento acelerado, característico da mania, nunca acontece em estado de normalidade). A família e as pessoas à volta percebem claramente as mudanças que, em geral, acontecem de forma abrupta.

Os principais sintomas da Mania ou Hipomania são:

• Aumento da Energia: excesso de atividade no trabalho, estudos, compras; aumento de conversas ao telefone, de sexo, exercícios, viagens ou noites na internet;

• Humor irritável ou mais raramente eufórico;

• Aumento da agressividade, presença de impaciência;

• Aceleração de pensamentos, muitas idéias, devaneios e distrações presentes

• Aumento da atividade mental, muitas idéias e planos;

• Pensamentos com conteúdo exageradamente positivo: otimismo, sentimento de superioridade, arrogância, coragem, perda de timidez;

• Aumento da impulsividade e de atividades de risco (esporte, gastos, sexo.)

• Abuso/dependência de álcool e/ou drogas

• Diminuição da necessidade de sono

Na depressão, ocorre uma diminuição da energia, do prazer e a presença de tristeza e/ou irritabilidade. O indivíduo deprimido percebe que seus sentimentos diferem de uma tristeza normal sentida anteriormente ou do luto. A pessoa deprimida reage às situações estressantes com sofrimento maior e mais prolongado, desproporcional ao estímulo. Tudo se transforma em problema e os problemas tornam-se mais pesados e difíceis de resolver. Quem sente tristeza normal, busca a companhia de outras pessoas, mas a pessoa com depressão prefere se isolar. Quando o indivíduo está triste, procura se ajudar; a pessoa deprimida não consegue acreditar na eficácia de qualquer ajuda, está descrente, sem interesse e força de vontade. Alguns pacientes deprimidos tentam se distrair e disfarçar a depressão, mas acabam irritados e sem paciência pelo esforço em aparentar bem-estar. Em casos mais graves, a pessoa fica muito lenta, com dificuldade de concentração e raciocínio e a velocidade do pensamento diminui, assim como na mania, esta alteração da velocidade normal do pensamento é algo que não ocorre em estado de normalidade.

Os principais sintomas da Depressão são:

• Diminuição da energia

• Humor depressivo (triste ou irritável)

• Diminuição da motivação

• Diminuição ou perda do prazer

• Raciocínio lento, baixa concentração e prejuízo da memória

• Indecisão, apatia, desânimo

• Pensamentos com conteúdo negativo: pessimismo exagerado, sentimentos de insegurança, baixa auto-estima, vazio, culpa em relação a tudo, medo excessivo de ficar doente ou morrer, preocupações exageradas com todo e qualquer assunto.

• Insônia ou sono em excesso

• Dores pelo corpo e queixas físicas

· RAIVA EXAGERADA

• Diminuição importante ou perda da libido

De maneira geral, há três características principais que diferenciam um episódio de alteração do humor do Transtorno Bipolar de uma oscilação normal do humor:

1. Intensidade: as alterações do humor que ocorrem no TRANSTORNO BIPOLAR HUMOR são normalmente mais severas do que as oscilações normais do humor.

2. Duração: um estado simples de mau humor, normalmente, termina em poucos dias, mas a mania ou a depressão pode durar semanas ou meses. Quando a pessoa sofre de ciclagem rápida, euforia e depressão podem ir e vir rapidamente, mas a pessoa habitualmente não retorna a um humor estável por um longo período.

3. Interferência nas atividades da vida: os extremos no humor que ocorrem num TRANSTORNO BIPOLAR HUMOR podem causar sérios prejuízos. Por exemplo: um episódio depressivo pode deixar uma pessoa incapaz de sair da cama ou ir até o trabalho; um episódio maníaco pode fazer uma pessoa ficar sem dormir durante várias noites e dias ou gastar um dinheiro que, de fato, ela não tem ou não desejaria desperdiçar.

2. Por quais razões Transtorno Bipolar do Humor se desenvolve?

O Transtorno Bipolar é uma doença multifatorial. O que determina se um indivíduo terá ou não essa doença é principalmente a hereditariedade. Ou seja, existe uma predisposição biológica, geneticamente determinada, para apresentar o transtorno. Além disso, alguns fatores ambientais e psicológicos podem facilitar a manifestação das primeiras crises e são fatores importantes no desencadeamento de crises futuras. Entre estes fatores (chamados estressores) estão: a perda de alguém querido ou separações, mudanças importantes na vida (para melhor ou para pior), alteração do ritmo de sono (mudanças de fuso, trabalho noturno ou noites mal dormidas), uso de álcool e/ou drogas.

3. Como sei indentificar se alguém está com esse problema?

É possível reconhecer se alguém está em Mania ou Hipomania se ele se mostra exageradamente “feliz” e excitado ou exageradamente irritado ou raivoso. A pessoa sente-se capaz de fazer coisas que ninguém mais poderia fazer, parece arrogante, dorme menos que de hábito, faz muitas coisas ao mesmo tempo, parece ter mais energia, fala muito e rápido, tem muitas idéias (algumas irrealistas) e é facilmente distraído, não terminando o que começa, faz coisas impulsivas como gastar mais dinheiro do que poderia ou se insinuar sexualmente sem que esse seja o seu comportamento usual.

Quando está deprimida, a pessoa sente-se triste, irritada, ansiosa, sem interesse pelas pessoas e pelas coisas, dorme muito ou tem insônia, perde o apetite e o prazer pelas coisas de que costumava gostar. Não consegue se concentrar ou tomar decisões. Sente-se fatigada, sem energia, mais lenta, culpada em relação a tudo e pode pensar em suicídio.

4. O Transtorno Bipolar do Humor tem tratamento?

O tratamento indicado para o Transtorno Bipolar é prioritariamente farmacológico e feito por um psiquiatra, mas a associação da farmacoterapia com a psicoterapia é a forma mais eficaz de controlar os sintomas e prevenir recaídas.

O tratamento farmacológico consiste de estabilizadores do humor como Litium®, Depakote®, Tegretol®, Lamictal®, etc, mas pode incluir o uso de antidepressivos ou drogas que controlam a ansiedade ou problemas com os pensamentos (delírios e alucinações). O uso dessas medicações implicam em consultas freqüentes com um psiquiatra a fim de controlar efeitos colaterais e fazer os ajustes necessários para que os sintomas fiquem estáveis. A psicoterapia ajuda a aprender mais sobre a doença, a prevenir recaídas e a monitorar o humor, a rotina e lidar melhor com diversos problemas que podem desencadear novas crises ou agravar o quadro.

5. A quem devo buscar para pedir ajuda/auxílio?

O profissional indicado para tratar o paciente bipolar é o psiquiatra. A psicoterapia que tem se mostrado mais eficaz na redução de sintomas e na prevenção de novas crises é a abordagem cognitivo-comportamental. Trabalhos de psicoeducação feitos pelos próprios psiquiatras, psicólogos ou demais profissionais de saúde mental também demonstraram ser eficientes na melhora da compreensão da doença e

O transtorno bipolar

é uma doença que se caracteriza pela alternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania), ora de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o passar dos anos os episódios repetem-se com intervalos menores, havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem apenas um episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar de o Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser facilmente identificado, existem evidências de que fatores genéticos possam influenciar o aparecimento da doença.

Muitas vezes o paciente não percebe que tem esta enfermidade, e é necessário que familiares e amigos estejam bem informados, e saibam reconhecer alguns dos seus sintomas para poderem encaminhá-lo a um tratamento adequado A pessoa com Transtorno Bipolar do Humor pode apresentar grandes oscilações no seu estado de humor, atrapalhando muito o andamento de sua vida no trabalho, nas relações afetivas e familiares.

A euforia

(ou mania) é um estado de exaltação do humor, com aumento de energia, sem qualquer relação com o momento que o indivíduo está vivendo. Nesse período do transtorno bipolar, o paciente não está deprimido nem alegre por motivo especial, mas apresenta humor eufórico ou irritável.
Em geral, a mudança do comportamento na euforia é súbita, mas o indivíduo não percebe sua alteração ou a atribui a algum fator do momento. O senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes.

Este texto foi produzido pelos pacientes da ABRATA sob supervisão do Conselho Científico.


•COMO TRATAR ALGUÉM COM TRANSTORNO BIPOLAR?
• Orientação Psicoeducacional
• Tratamento Medicamentoso
• Eletroconvulsoterapia
• Tratamentos Psicológicos
• Problemas que comprometem o resultado Terapêutico
• Como a família e amigos podem ajudar?
• Como o paciente pode se ajudar?
• Mensagem Final


COMO TRATAR ALGUÉM COM TRANSTORNO BIPOLAR?

O aparecimento do transtorno bipolar se deve a uma combinação de fatores, em que aspectos biopsicosociais desempenham papel importante no desencadeamento da doença. Assim sendo, tratamentos medicamentosos, orientação sobre a doença e psicológicos estão indicados. O segredo está no encontro da combinação ideal para cada paciente.


ORIENTAÇÃO PSICOEDUCACIONAL

Se o remédio não for tomado, de nada adianta receitá-lo. Para aumentar o sucesso do tratamento é preciso esclarecer o paciente e familiares sobre os sintomas da doença, suas causas, como ela pode seguir durante a vida da pessoa, quais os riscos, que atitudes tomar durante a depressão e na mania, como se preparar para as recorrências e assim por diante. Alguns aspectos são fundamentais. Em primeiro lugar, estará sendo tratado o diagnóstico de transtorno bipolar, não apenas sintomas depressivos ou eufóricos. Levando em consideração que a doença é para a vida toda, podendo hibernar por meses ou anos, o tratamento deve ser planejado para atender as necessidades a curto, médio e longo prazos.

Na orientação acerca da doença também deve ser abordado o preconceito.
Resolver dúvidas ajuda a diminuí-lo, mas só o tempo poderá eliminá-lo de vez. Infelizmente pacientes e famílias sofrem durante anos acumulando ressentimentos, queda do poder aquisitivo, atraso na formação, antes da aceitação do diagnóstico e do tratamento.

Outra questão a ser aprendida é como lidar com uma nova crise.
CUIDAR DA DECEPÇÃO, DA FRUSTRAÇÃO, DA DESESPERANÇA(eu acho que fiquei com muita raiva neste estágio pela falta de informação e pela desesperança da doença e tudo isso acho que transformei em raiva) E ALÉM DISSO PREVENIR CONSEQÜÊNCIAS PREJUDICIAIS SÃO FUNDAMENTAIS NA RECUPERAÇÃO.


TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Existem vários tipos de substâncias usadas no tratamento do transtorno bipolar, dependendo do estado em que o paciente se encontra: estabilizadores do humor, antidepressivos, antipsicóticos e tranqüilizantes. Para tratar uma crise de depressão pode ser necessário o uso de antidepressivos, se os estabilizadores do humor não forem suficientemente eficazes; numa (hipo)mania apenas estabilizadores do humor podem resolver ou se adiciona antipsicóticos e tranqüilizantes. Estes são os tratamentos de fase aguda.

Quando a pessoa já teve pelo menos 3 crises ou uma muito séria e tem o diagnóstico de transtorno bipolar do humor, é aconselhável não adiar o tratamento de manutenção, para evitar ou reduzir a gravidade de novos períodos de doença. Os estabilizadores do humor podem bastar para controlar uma (hipo)mania ou estado misto, mas são os remédios ideais para o tratamento de manutenção ou preventivo de novos episódios do transtorno bipolar.

É importante lembrar que mesmo a curto prazo, o efeito dos medicamentos na depressão, na (hipo)mania ou no estado misto leva pelo menos duas a quatro semanas para ser significativo. A melhora completa pode levar alguns meses e depois disso é necessário manter as medicações usadas na fase aguda da doença por mais algumas semanas ou meses, dependendo da gravidade. Depois de melhorar por completo, não apenas parcialmente, o paciente segue para a fase de manutenção.

Nesta fase normalmente a pessoa se sente bem e corre o risco de descuidar do rigor no tratamento medicamentoso. Da mesma maneira como acontece na hipertensão arterial ou no diabetes, a pessoa se sente bem por estar tomando remédios. Ela não pode parar sem o consentimento do médico achando que está curada.

Felizmente dispomos hoje em dia de vários remédios que podem controlar o transtorno bipolar do humor, de tal modo que se a pessoa não puder tomar algum deles ou não se beneficiar o suficiente, é possível trocá-los ou fazer combinações entre eles. Serão mencionados somente os disponíveis no Brasil.

Estabilizadores do humor são os remédios mais importantes e devem ser usados a partir do diagnóstico de transtorno bipolar. Controlam o processo de ciclagem de um episódio a outro, reduzindo a quantidade de depressões e (hipo)manias e a gravidade delas. Eles variam entre si no efeito antidepressivo e antimaníaco. Os mais estudados e bem conhecidos são o carbonato de lítio, a carbamazepina e o ácido valpróico. Com exceção do lítio, todos eles são também usados como anticonvulsivantes (remédios para tratar epilepsia).

- lítio (Carbolitium“, Litiocar, Carbolim)

- carbamazepina (Tegretol“)

- oxcarbazepina (Trileptal“)

- ácido valpróico (Depakene“)

- lamotrigina (Lamictal“)

- gabapentina (Neurontin“)

- topiramato (Topamax“)

Antidepressivos são o tratamento indicado para as depressões. No paciente com transtorno do humor bipolar o médico primeiro introduz o estabilizador do humor e se não melhorar associa um antidepressivo. Esta cautela reduz o risco de ciclagem para euforia, que os antidepressivos podem desencadear. Se isso acontecer, demorará mais para controlar a doença a longo prazo.

- tricíclicos e heterocíclicos

- por exemplo, Tofranil“, Anafranil“, Tryptanol“, Pamelor“, Ludiomil“.

- inibidores da monoaminoxidase (IMAOs):

- por exemplo, Parnate“, Stelapar“, Aurorix“.

- inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS)

- por exemplo, Prozac“, Cipramil“, Aropax“, Zoloft“, Luvox“.

- novos antidepressivos

- por exemplo, Efexor“, Remeron“, Stablon“, Prolift“, Zyban“.

Antipsicóticos são medicamentos de efeito antimaníaco e antipsicótico. Podem ser usados durante um episódio de depressão, mania ou estado misto se houver sintomas psicóticos.

- de primeira geração - por exemplo, Haldol“, Amplictil“, Stelazine“, Neuleptil“, Melleril“, Navane“.
- novos antipsicóticos - por exemplo, Risperdal“a\, Leponex“, Zyprexa“, Seroquel“.

Tranqüilizantes representam substâncias com ação hipnótica ou tranqüilizante, que devem ser usados temporariamente, enquanto os estabilizadores do humor não fizerem efeito.
- por exemplo, Valium“, Rivotril“, Lorax“, Lexotan“, Stilnox“.


ELETROCONVULSOTERAPIA (ECT)

A ECT é um dos tratamentos antidepressivos e antimaníacos mais eficazes, indicado nos extremos da mania e da depressão, para prevenir exaustão ou suicídio, pelo rápido tempo de ação. Inclui aplicar pequenas correntes de energia durante rápida aplicação de anestesia geral, para obter uma convulsão de alguns segundos de duração. Jamais deve ser considerado tratamento de última escolha, prolongando inutilmente o sofrimento pela falta de melhora com os medicamentos. É o mais seguro em gestantes e idosos e pode salvar a vida do paciente.


TRATAMENTOS PSICOLÓGICOS

O tratamento medicamentoso é básico, mas o transtorno bipolar não é meramente um problema bioquímico, também psicológico e social. Entrar em contato com os sintomas do transtorno bipolar causa sofrimento e pode ser traumatizante para o paciente e a família. O medo de como isso vai afetar sua vida, o preconceito, a aceitação do diagnóstico requerem atenção psicológica. Para aceitar é necessário conhecer a doença a ponto de diferenciar seus pensamentos e sentimentos e fazer decisões baseado em conhecimento e não em emoções, como medo ou raiva da doença. Tratamentos psicológicos procuram fornecer boas informações, orientação e motivação em um ambiente de apoio e confidencial.

Há vários tipos, dependendo da necessidade específica de cada paciente, como psicoterapias individual ou grupal, terapia familiar ou conjugal e orientação psicoeducacional, como mencionado anteriormente.

Durante o curso do tratamento o paciente costuma enfrentar recorrências, pois o manejo medicamentoso pode demorar até ser acertado. Tais experiências trazem desapontamento, dúvidas sobre o tratamento, sentimentos de culpa e de revolta. Na psicoterapia e na orientação sobre a doença é possível encontrar esclarecimento e apoio necessários para superar cada novo obstáculo que a doença impõe.


PROBLEMAS QUE COMPROMETEM O RESULTADO TERAPÊUTICO

A magnitude das conseqüências depende da combinação de uma série de fatores: idade de início (quanto mais cedo, mais compromete os estudos e a formação profissional), gravidade dos sintomas, quantidade de episódios, tratamento adequado, aceitação do tratamento, apoio familiar, associação com alcoolismo ou abuso de drogas (praticamente impossibilita o tratamento), associação com outras doenças, características de personalidade (fragilidade, imaturidade, dependência), problemas persistentes considerados sérios pela pessoa.


COMO A FAMÍLIA E AMIGOS PODEM AJUDAR?

Antes de mais nada é necessário conhecer a doença e o tratamento do transtorno bipolar do humor. Mesmo assim, cada novo episódio representa um desafio, porque se misturam problemas individuais, questões pendentes, características de cada família.

O apoio ao tratamento é fundamental para ajudar o paciente em momentos difíceis a manter os medicamentos na dose certa e no horário prescrito. Bastam alguns dias sem tomar a medicação ou tomando menos que necessário para que entre em nova crise. Compreender os sintomas não como seu jeito de ser, mas como doença, alivia muito e reduz o sentimento de culpa no deprimido. O doente em euforia requer firmeza e paciência, porque o relacionamento se torna mais desgastante. Ele pode recusar as orientações da família, alegando que agora toda vez que se sentir feliz e de bem com a vida logo pensam que está em mania. A intervenção junto ao médico antes que perca a autocrítica previne conseqüências piores ou eventual internação.

- se os medicamentos estiverem causando efeitos colaterais muito incômodos e o paciente mencionar que quer parar com tudo isso, o médico deve ser informado;

- detectar com o paciente os primeiros sinais de uma recaída; se ele considerar como intromissão, afirmar que é seu papel auxiliá-lo;

- falar com o médico em caso de suspeita de idéias de suicídio e desesperança;

- compartilhar com outros membros da família o cuidado com o paciente;

- estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono;
programar atividades antecipadamente.

- mesmo depois da melhora, há um período de adaptação e desapontamento; é importante não exigir demais e não superproteger; auxiliá-lo a fazer algumas coisas, quando necessário;

- evitar chamar o paciente de louco ou demonstrar outros sinais de preconceito, que favorecem o abandono do tratamento; tratá-lo normalmente e apontar sintomas com carinho;

- aproveitar períodos de equilíbrio para diferenciar depressão e euforia de sentimentos normais de tristeza e alegria.


COMO O PACIENTE PODE SE AJUDAR?

A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente. O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos - ou não. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é portador do transtorno bipolar:

-
comprometa-se com o tratamento - discuta dúvidas com seu médico, eficácia dos estabilizadores do humor, intolerância a efeitos colaterais, etc.;

- mantenha uma rotina de sono; mudanças no sono ou redução do tempo total de sono podem desestabilizar a doença; converse com seu médico, caso precise mudar o hábito de dormir;
- evite álcool e drogas; além de interagirem com algumas medicações, também agem no cérebro, aumentando o risco de desestabilização da doença; se tiver insônia ou inquietação, não se automedique - converse com seu médico;

-
evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, drinques, antigripais, antialérgicos ou analgésicos - eles podem ser o estopim de novo episódio da doença;

- enfrente os sintomas sem preconceito - discuta com seu médico sobre ele;

- se não estiver podendo trabalhar, "não queime o filme" - é mais sensato tirar uma licença, conversar com a família ou com o patrão, e se permitir convalescer;

- lembre-se: você está bem por tomar a medicação; se parar de tomá-la, mesmo após 5 ou 10 anos, os sintomas podem voltar sem prévio aviso; é preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sinais, como insônia e irritabilidade;

- há indícios de que quanto mais crises da doença a pessoa tiver, mais ela continuará tendo, por isso, procure participar ativamente do tratamento;

- descubra seus sintomas iniciais de nova crise depressiva ou maníaca - tome nota e avise imediatamente seu médico;

- aproveite períodos de bem-estar para redescobrir como você de fato é; como são os sentimentos de tristeza, alegria, disposição e como você lida com seus problemas;

- quanto mais você conhecer a doença, melhor você poderá controlar os sintomas no período inicial; proteja-se: evite estímulos de risco em potencial, como decisões importantes, relações sexuais sem preservativos, projetos ambiciosos, gastos - ponha seus planos no papel e espere para executá-los quando se reequilibrar; procure canalizar hiperatividade ou idéias negativas para atividade física ou manual; se estiver deprimido, dê-se um empurrão, pois a iniciativa está em baixa;

- procure e aceite ajuda da família e dos amigos quando perceber que não consegue se cuidar sozinho.

- é comum querer parar o tratamento, ou porque vai tudo bem, ou porque não está dando certo; procure conversar com outras pessoas com o mesmo problema, que já passaram por isso; lembre-se de como era seu sofrimento; discuta com a família se valeria a pena buscar uma segunda opinião sobre o diagnóstico e o tratamento.

Temporariamente o paciente pode ficar inapto a se tratar adequadamente. Nestas fases a intervenção amiga da família é fundamental.


MENSAGEM FINAL

Há quem considere que o transtorno bipolar do humor "é como um animal selvagem em sua mente, pronto para escapar a qualquer momento", e que precisa de grades fortes para ser contido. Às vezes a porteira se abre um pouco e ele volta a ameaçar - o importante é não deixá-lo à solta. A luta a ser travada com esse animal é longa e difícil, mas vale a pena - vale o resgate da própria vida.

Compartilhar essas lutas com outros pacientes e familiares pode servir de exemplo e motivar quem está a ponto de desistir de si mesmo. São bem-vindas iniciativas como as da ABRATA (Associação Brasileira de Transtornos Afetivos), que auxilia no amparo aos pacientes através da própria experiência com o transtorno afetivo bipolar

Bipolar
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Informações complementares




O que é?
Características
Tipos
Fase Maníaca
Fase Depressiva
Exemplo


Sintomas
Causas
Tratamento
Generalidades

O que é?
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.

Características
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.

Tipos
Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
Outros tipos foram propostos por Akiskal, mas não ganharam ampla aceitação pela comunidade psiquiátrica. Akiskal enumerou seis tipos de distúrbios bipolares.

Fase maníaca
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias.. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.

Fase depressiva
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.

Exemplo de como um paciente se sente
...Ele se sente bem, realmente bem..., na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.

Sintomas (maníacos):
Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção
delirante.
Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.
O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.
A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto freqüente nesses pacientes.
A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.
A fase depressiva
Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.

Generalidades
Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se
confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.

Qual a causa da doença?
A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.
Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.

Como se trata?
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos. Freqüentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar com o
verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão arterial que apresenta efeito anti-maníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes normotensos

Última Atualização: 15-10-2004
Ref. Bibliograf:
Liv 01 Liv 19 Liv 03 Liv 17 Liv 13 Psychiatry Research 2001; 103: 229-235
Age of Onset of Bipolar II Derpessive Mixed State
Franco Benazzi

Avaliando Risco e Resiliência para Transtorno Bipolaridade

07. 08. 2010

ABS Tradutor, tradução - Pesquisadores de Londres obtiveram insight das mudanças na estrutura cerebral que correspondem ao transtorno bipolar e por que alguns parentes próximos que têm o transtorno não o desenvolvem.

Num estudo publicado em 2 setembro no Journal of Neuroscience, os pesquisadores examinaram ressonâncias magnéticas de 30 pacientes com transtorno bipolar e 50 de seus parentes próximos (prole ou irmãos), bem como um grupo de controle de 50 não-parentes sem o transtorno. Eles descobriram que as pessoas com risco genético para o transtorno (independente serem bipolares) tinham volume maior na ínsula esquerda, região responsável por sensações físicas que se originam das emoções, como por exemplo “o frio no estômago” resultante de nervosismo.

“Embora [seja] interessante, este achado não nos diz quem ficará bem ou quem desenvolverá um transtorno do humor”, diz a pesquisadora-chefe Sophia Frangou, do Instituto de Psiquiatria no King’s College, em Londres.|

Outros achados não mostraram uma correlação entre estruturas cerebrais específicas e o desenvolvimento do transtorno bipolar, contudo. A análise das ressonâncias revelou um volume da substantia nigra maior em pacientes bipolares. Localizada no mesencéfalo, essa região liga a emoção ao movimento.
“Seu envolvimento no transtorno bipolar … provavelmente está conectado à hiperatividade que os pacientes mostram durante períodos de mania”, diz Frangou.

Os pesquisadores também descobriram semelhanças na estrutura do cérebro em parentes que careciam de sintomas psiquiátricos. Nesses indivíduos, o cerebelo esquerdo mostrou-se aumentado. “Parece que [um cerebelo maior] ajuda a equilibrar as reações emocionais e pode, portanto, contribuir para a resiliência a transtornos do humor”, diz Frangou.

Os pesquisadores planejam examinar o efeito que os genes do risco de transtorno bipolar têm sobre a cognição e sobre a estrutura e função do cérebro. Num esforço para identificar pacientes de alto risco, eles também estão colaborando com colegas que são especializados em bioinformática, diz Frangou: “Estamos trabalhando juntos para implementar métodos estatísticos mais sofisticados para usar dados biológicos, tais como os resultados deste estudo, para desenvolver testes de diagnóstico.”

Fonte: http://www.dana.org/news/brainwork/detail.aspx?id=23432

Temperamento Forte e Bipolaridade

Autor: Lara, Diogo

Editora: Revolução de Idéias

Categoria: Psicologia / Psicologia

O livro trata de um dos maiores temas psiquiátricos da atualidade, o transtorno bipolar, objeto de estudo de clínicos e pesquisadores mundo afora. Apresenta um enfoque novo: parte da análise de algo que parecia esquecido na psiquiatria moderna, o temperamento, e examina a bipolaridade à luz dessa questão

Temperamento Forte e Bipolaridade

Autor: Lara, Diogo

Editora: Revolução de Idéias

Categoria: Psicologia / Psicologia

O livro trata de um dos maiores temas psiquiátricos da atualidade, o transtorno bipolar, objeto de estudo de clínicos e pesquisadores mundo afora. Apresenta um enfoque novo: parte da análise de algo que parecia esquecido na psiquiatria moderna, o temperamento, e examina a bipolaridade à luz dessa questão

o que é bipolaridade? Características,Tipos, Fase maníaca,Fase depressiva, Exemplo de como um paciente se sente , Sintomas (maníacos) e tratamentos.

O que é bipolaridade?
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.

Características
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.

Tipos
Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
Outros tipos foram propostos por Akiskal, mas não ganharam ampla aceitação pela comunidade psiquiátrica. Akiskal enumerou seis tipos de distúrbios bipolares.

Fase maníaca
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias.. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.

Fase depressiva
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.

Exemplo de como um paciente se sente
…Ele se sente bem, realmente bem…, na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.


Sintomas (maníacos):

Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção delirante.
Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.
O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.
A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto freqüente nesses pacientes.
A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.

A fase depressiva
Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.


Generalidades

Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.

Qual a causa da doença?
A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.
Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.

Como se trata?
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos. Freqüentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada “virada maníaca”, que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar com o verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão arterial que apresenta efeito anti-maníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes normotensos.

http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm

Lítio: 50 anos auxiliando no tratamento de portadores de Transtorno Bipolar

UM POUCO DE HISTÓRIA

O lítio foi introduzido na psiquiatria há cerca de 40 anos, ganhou grande aceitação e, ao longo dos anos, demonstrou ter a capacidade de mudar dramaticamente o curso do Transtorno Bipolar, diminuindo recaídas, reduzindo a necessidade de internação e prevenindo o suicídio. Nos pacientes com este transtorno, o lítio funciona como um estabilizador do humor, ou seja, impede os "altos e baixos" próprios da doença, os momentos de euforia e de depressão.

O grande marco da história do lítio ocorreu em 1954, quando o pesquisador norueguês Mogens Schou e seu grupo publicaram o primeiro ensaio clínico randomizado sobre o uso do lítio na mania aguda. Este tipo de estudo é considerado o que dá mais certeza aos médicos sobre a eficácia de um medicamento. Depois deste trabalho pioneiro, o uso de lítio difundiu-se largamente, beneficiando milhares de pacientes em todo o mundo.

Durante muitos anos o lítio foi o único estabilizador de humor disponível. Hoje, a medicina já dispõe de outros remédios estabilizadores do humor, porém, apesar da disponibilidade de tantas outras drogas no arsenal terapêutico do psiquiatra, o lítio continua sendo o mais utilizado e o mais eficaz para praticamente todas as fases do Transtorno Bipolar.

Como toda medicação, o lítio possui alguns efeitos colaterais. Alguns pacientes podem apresentar tremores nas mãos, ganho de peso, alterações da tireóide e aumento do volume de urina.

A dose de lítio que é necessária para manter a doença sob controle varia de pessoa para pessoa. Alguns precisam de mais e outros de menos comprimidos de lítio por dia. Para determinar a dosagem adequada de lítio, deve-se realizar um exame chamado litemia, que consiste na dosagem de lítio no sangue.

· American Psychiatric Association. Guideline for the Treatment of pactients with Bipolar Disorder.

· Belmaker RH. Bipolar disorder. New England J Med 2004, 351(5): 476-486.

· Gazalle F, Kapczinski F. Mogens Shou e o uso do lítio na psiquiatria. Rev Bras Psiquiatria 2006, 28: 82-83.

· Schatzberg A. Manual of Clinical Psychopharmacology. 5a edição. 2005.

· Dinan T. Litium in bipolar mood disorder. Evidence suggests that lithium should be first choice for prophylatic treatment. British Medical Journal 2002, 324: 989-992.

Se você usa lítio:

•Tome a medicação regularmente e na dosagem prescrita. O uso irregular aumenta as chances de recaída do transtorno.

•Comunique seu médico imediatamente se você passar a usar diuréticos (medicações para tratamento de pressão alta e problemas cardíacos e renais).

•Cuidado com o uso de remédios para dor. Não utilize antinflamatórios sem o conhecimento do seu médico. (medicações contendo diclofenaco, naproxeno, ibuprofeno). Estes medicamentos aumentam a quantidade de lítio no sangue e podem facilitar a intoxicação por esta substância.

•Se você apresentar sintomas como: tremor acentuado, diarréia, visão borrada, alterações de equilíbrio ou confusão mental procure um atendimento de urgência.. Isto pode significar que a litemia está muito alta e o paciente está tendo uma intoxicação.

•Se você é mulher, fique atenta para o uso de algum método anticoncepcional. Nas pacientes bipolares a gravidez deve ser planejada.

Assim como os pioneiros na pesquisa do lítio, os profissionais de saúde que trabalham no PROTAHBI e no Laboratório de Psiquiatria Molecular seguem sua busca pela compreensão e tratamento do Transtorno Bipolar.

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Centro de Estudos - Departamento de Psiquiatria - UNIFESP/EPM

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Psiquiatria

O transtorno bipolar caracteriza-se pela ocorrência de episódios de mania. Os episódios maníacos, muitas vezes, incluem irritabilidade, agressividade e incapacidade de controlar os impulsos. Em casos mais graves, o paciente pode apresentar delírios e alucinações.

O tratamento pode ser realizado por meio de sais de lítio, anticonvulsivantes, neurolépticos, outros agentes bloqueadores e pela eletroconvulsoterapia.


Transtorno bipolar do humor
José Alberto Del Porto


José Alberto Del Porto

Departamento de Psiquiatria da Unifesp/EPM

Correspondência
Endereço para correspondência: Rua Diogo de Faria, 1087 apto 409
Vila Clementino
04037-003 São Paulo, SP
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E-mail:
delporto@uol.com.br

O transtorno bipolar caracteriza-se pela ocorrrência de episódios de “mania” (caracterizados por exaltação do humor, euforia, hiperatividade, loquacidade exagerada, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da sexualidade e comprometimento da crítica) comumente alternados com períodos de depressão e de normalidade. Com certa freqüência, os episódios maníacos incluem também irritabilidade, agressividade e incapacidade de controlar adequadamente os impulsos.

As fases maníacas caracterizam-se também pela aceleração do pensamento (sensação de que os pensamentos fluem mais rapidamente), distraibilidade e incapacidade em dirigir a atividade para metas definidas (embora haja aumento da atividade, a pessoa não consegue ordenar as ações para alcançar objetivos precisos). As fases maníacas, quando em seu quadro típico, prejudicam ou impedem o desempenho profissional e as atividades sociais, não raramente expondo os pacientes a situações embaraçosas e a riscos variados (dirigir sem cuidado, fazer gastos excessivos, indiscrições sexuais, entre outros riscos). Em casos mais graves, o paciente pode apresentar delírios (de grandeza ou de poder, acompanhando a exaltação do humor, ou delírios de perseguição, entre outros) e também alucinações, embora mais raramente. Nesses casos, muitas vezes, o quadro clínico é confundido com a esquizofrenia.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com base na história pessoal (na doença bipolar, os quadros são agudos e seguidos por períodos de depressão ou de remissão) e familiar (com certa freqüência, podem ser identificados quadros de mania e depressão nas família).

Nos últimos anos, tem-se reconhecido a importância dos quadros de “hipomania” (quadros de mania mitigada, que não se apresentam com a gravidade dos quadros de mania propiamente dita). Os quadros caracterizados por hipomania e pela ocorrência de episódios depressivos maiores têm sido chamados de “transtorno visto que o uso de antidepressivos pode agravar seu curso, assim como também ocorre na doença bipolar com fases maníacas típicas (tipo I). No transtorno bipolar (tipos I ou II) são recomendados os estabilizadores do humor. Nas fases mais agudas, é recomendado o uso de neurolépticos atípicos (como a olanzapina ou a risperidona) ou, por razões práticas, os neurolépticos clássicos (como o haloperidol ou a clorpromazina), em que pese o perfil de efeitos colaterais.

Epidemiologia

Estudos epidemiológicos (como o “National Comorbidity Survey”, nos Estados Unidos) indicam que o transtorno bipolar é relativamente freqüente (prevalência de 1,6% para o tipo I, e de 0,5% para o tipo II). A idade média de início dos quadros bipolares situa-se logo após os 20 anos, embora alguns casos se iniciem ainda na adolescência e outros possam começar mais tardiamente (após os 50 anos). Os episódios maníacos costumam ter início súbito, com rápida progressão dos sintomas; freqüentemnete os primeiros episódios ocorrem associados a estressores psicossociais. Com a evolução da doença, os episódios podem se tornar mais freqüentes, e os intervalos livres podem se encurtar. Para algumas mulheres, o primeiro episódio maníaco pode acontecer no período puerperal.

Diagnóstico diferencial

Deve-se ter em mente o diagnóstico diferencial com os seguintes quadros: esquizofrenia; psicoses esquizoafetivas; psicoses ciclóides; quadros orgânicos cerebrais (o estudo inclui a esclerose múltipla, quadros demenciais, a sífilis e a Aids, além de certas formas de epilepsia); quadros associados a condições clínicas gerais (cushing, hipertiroidismo,entre outros) e ao uso de drogas (anfetaminas, cocaína etc.); e síndromes desencadeadas por medicamentos (corticóides, antidepressivos, entre outros). Os quadros mais leves (de tipo II) são, muitas vezes, classificados erroneamente como “transtornos da personalidade” (mais freqüentemente o transtorno “borderline” de personalidade), e, assim, permanecem sem tratamento mais específico. Deve-se mencionar também que o abuso/dependência de drogas e álcool é muito mais comum em pacientes bipolares (odds ratio = 7,9) do que na população geral.

Tratamento

Sais de lítio

Depois de 50 anos de sua introdução na prática psiquiátrica, os sais de lítio permanecem como o tratamento de escolha para a maioria dos casos de mania aguda e para a profilaxia das recorrências das fases maníaco-depressivas. Na mania aguda, a eficácia do lítio situa-se, conforme o tipo de pacienrtes incluídos, entre 49% (estudo de apenas 3 semanas, incluindo casos anteriormente resistentes) e 80% dos casos, mostrando-se mais específico do que os neurolépticos na redução dos sintomas nucleares da mania (exaltação do humor, aceleração do pensamento e idéias de grandiosidade); em contraposição, os neurolépticos mostram-se mais rápidos e eficazes no controle da hiperatividade e da agitação psicomotora, sugerindo que sua ação se devesse a uma sedação mais inespecífica. Numerosos estudos controlados confirmam a eficácia do lítio na profilaxia de ambas as fases (maníacas e depressivas) do transtorno bipolar. As manias típicas, assim como os episódios de mania são seguidos por eutimia e depressão (M-E-D). Os pacientes com mania mista (mesclada com sintomas depressivos), mania disfórica (com marcada irritabilidade) e com cicladores rápidos (aqueles com mais de quatro ciclos em um ano) não respondem tão bem ao lítio; para esses pacientes, o divalproex (ácido valpróico/valproato) ou a carbamazepina podem se constituir em melhor indicação.

Levando-se em conta a estreita faixa terapêutica, assim como as variações na excreção do lítio, recomenda-se a monitoração periódica de seus níveis séricos, mais freqüente no início do tratamento ou quando as doses forem alteradas ou a qualquer momento, desde que haja indícios ou suspeita de intoxciação pelo lítio. A dosagem do lítio deve ser feita sempre 12 horas após a última ingestão do comprimido de lítio. Em geral, dosam-se os níveis sérios cinco a sete dias após o início (quando o lítio atinge seu steady state), depois a cada sete ou 14 dias, passando-se ao controle posterior a cada dois ou três meses, nos primeiros seis meses, e a cada quatro ou, no mínimo, a cada seis meses, posteriormente. Os níveis recomendados ao tratamento situam-se entre 0,6 mEq/l a 1,2 mEq/l. O teto mais alto (1,2 mEq/l) é reservado para os estados agudos; para a manutenção, doses entre 0,6 mEq/l e 0,8 mEq/l são geralmente suficientes, procurando-se manter o paciente com as menores doses necessárias para a profilaxia (alguns pacientes se dão bem com 0,4 mEq/l, já outros, eventualmente, precisam de doses maiores do que 0,8 mEq/l). Em geral, inicia-se o tratamento com 300 mg à noite, aumentando-se as doses gradativamente até alcançar os níveis séricos desejados, levando-se em conta a tolerabilidade do paciente aos efeitos colaterais. A dosagem dos hormônios tiroideanos deve ser feita a cada seis ou doze meses, assim como a monitoração da função renal. O carbonato de lítio é disponível, no campo da psiquiatria, em comprimidos (carbolitium) de 300 mg e preparados de liberação lenta (carbolitium CR) de 450 mg. Os preparados convencionais têm seu nível sérico máximo alcançado dentro de uma hora e meia a duas horas; os preparados de liberação lenta alcançam seu pico dentro de quatro a quatro horas e meia. O lítio é excretado quase inteiramente pelos rins, com meia-vida entre 14 a 30 horas. As preparações convencionais podem ser administradas em duas tomadas diárias, podendo as de liberação lenta ser utilizadas em dose única (nesses casos, os níveis séricos matinais estarão aumentados em até 30%), geralmente à noite. Usando-se doses maiores, mesmo o preparado de liberação lenta é mais comumente utilizado em duas tomadas diárias.

Antes de se iniciar o tratamento, o paciente deve ser avaliado pelo exame físico geral e por exames laboratorias que incluem: hemograma completo; eletrólitos (Na+, K+); e avaliação da função renal (uréia, creatinina, exame de urina tipo I) e da função tiroideana (T3, T4 e TSH). Em pacientes com mais de 40 anos ou com antecedentes de doença cardíaca, recomenda-se solicitar eletrocardiograma (depressão do nó sinusal e alterações da onda T podem surgir em decorrência do lítio, e é conveniente obter-se um traçado inicial para comparação posterior). Como o lítio freqüentemente acarreta polidipsia e poliúria (por antagonizar os efeitos do hormônio antidiurético), deve-se também solicitar dosagem da glicemia antes de sua introdução. Algumas vezes, o diabetes mellitus pode passar desapercebido; o psiquiatra julga que a polidpsia e polúria devem-se, exclusivamente, ao esperado diabetes insipidus produzido pelo lítio, quando, na verdade, o primeiro pode também estar presente.

As queixas relativas aos efeitos colaterais mais comuns são: sede e polúria; problemas de memória; tremores; ganho de peso; sonolência/cansaço, e diarréia. No início do tratamento, são comuns: azia; náuseas; fezes amolecidas, assim como a sensação de peso nas pernas e cansaço, desaparecendo com o tempo. Diarréia e tremores grosseiros, aparecendo tardiamente no curso do tratamento, podem indicar intoxicação e requerem imediata avaliação.

Dentre os efeitos colaterais tardios do lítio, os efeitos sobre a tiróide merecem particular atenção; o desenvolvimento de um hipotiroidismo clinicamente significativo ocorre em até 5% dos pacientes (em alguns casos, chegando ao bócio), enquanto elevações do TSH chegam a 30% dos casos. Muitas vezes, a complementação com hormônios da tireóide (mais comumente T4) torna desnecessária a interrupção do uso do lítio, mas, eventualmente, o médico precisará mudar para outro estabilizador do humor. O lítio pode aumentar os níveis séricos do cálcio, e a associação com anormalidades da paratiróide pode ocorrer, embora mais raramente. Outros efeitos são: edema; acne; agravamento de psoríase; tremores (eventualmente tratados com beta-bloqueadores); e ganho de peso (25% dos pacientes em uso do lítio tornam-se obesos, razão pela qual nunca será demais insistir precocemente em cuidados relativos à dieta e aos exercícios). Cumpre notar também que o lítio pode diminuir o limiar convulsígeno e, em alguns casos, pode causar ataxia, fala pastosa e síndrome extrapiramidal (particularmente em idosos). Os efeitos renais do lítio incluem aumento da diurese, conseqüente à diminuição da capacidade de concentração da urina e oposição à ação do hormônio antidiurético (ADH); fala-se em diabetes insipidus, quando os pacientes produzem mais que três litros de urina por dia. O lítio pode causar nefrite intersticial, a qual geralmente não tem importância clínica. As alterações cardíacas são geralmente benignas e incluem achatamento ou possível inversão da onda T, diminuição da frequência cardíaca e, raramente, arritmias. Casos isolados de disfunção do nó sinusal têm sido descritos que eventualmente podem ocasionar síncope; esses eventos são mais comuns em idosos. Leucocitose pode se desenvolver, não se constituindo, em geral, em motivo de preocupação. Efeitos teratogênicos (anomalias da tricúspide e dos vasios da base) têm sido associados ao uso do lítio, particularmente, no primeiro trimestre da gravidez; o uso do lítio, ao fim da gravidez, pode fazer com que o bebê nasça com hipotonia (síndrome do floppy baby).

As intoxicações pelo lítio costumam ocorrer com concentrações séricas acima de 1,5 mEq/l, e podem ser precipitadas por desidratação, dietas hipossódicas, ingestão excessiva de lítio, alterações na excreção renal ou interação com outros medicamentos que aumentam seus níveis séricos (antiinflamatórios, diuréticos etc.). Constituem-se em sinais e sintomas da intoxicação pelo lítio: sonolência; fasciculações musculatres; tremores mais grosseiros; hiper-reflexia; ataxia; visão turva; fala pastosa; arritmias cardíacas; e convulsões. Recomenda-se a estrita monitoração dos níveis séricos. Em casos leves, basta a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, eventualmente, forçando-se a diurese com manitol, e alcalinizando-se a urina. A diálise pode ser requerida em intoxicações mais graves (níveis séricos maiores do que 4 mEq/l ou na dependência do estado geral e da função renal do paciente).

Interações farmacológicas podem aumentar os níveis séricos do lítio, como a carbamazepina, os diuréticos (tiazídicos, inibidores da enzima conversora ou antagonistas da aldosterona), e os antiinflamatórios não-esteróides (ibuprofeno, diclofenaco, indometacina, naproxen, fenilbutazona, sulindac). Os neurolépticos podem potenciar o aparecimento de síndrome extrapiramidal, assim como, em casos mais raros e com litiemias mais elevadas, desenvolver síndrome cerebral orgânica, quando em doses mais altas (principalmente aqueles de alta potência, como o haloperidol). Os antiaarítmicos, principalmente os de tipo quinidínico, podem potenciar os efeitos sobre a condução cardíaca.

Cumpre notar que o uso de antidepressivos (em especial os tricíclicos) pode causar mudança para a fase maníaca em pacientes bipolares, ainda quando em uso concomitante de lítio, além de poderem eliciar o aparecimento de ciclos rápidos e de episódios mistos. O tratamento da depressão nos pacientes bipolares deve ser tentado antes com estabilizadores do humor, empregando-se, eventualmente, também o bupropion ou IMAOs (com as cautelas requeridas para esse grupo de pacientes) ou também a ECT, nos casos resistentes aos tratamentos habituais (retirando-se previamente o lítio).

Anticonvulsivantes

O valproato ou o divalproex (um composto contendo iguais proporções de ácido valpróico e valproato de sódio) têm sido amplamente utilizados, nos últimos anos, para o tratamento do transtorno bipolar. Existem estudos controlados mostrando sua eficácia no tratamento da mania aguda; há também dados indicando que o valproato pode ser mais eficaz do que o lítio para a mania mista e para os cicladores rápidos. Embora faltem estudos controlados sobre o uso do valproato na manutenção, existem estudos abertos e naturalísticos que apontam para sua eficácia também na profilaxia da mania e da depressão. Há menos evidências que sustentem o uso do valproato no tratamento da depressão bipolar, embora alguns estudos sugiram certa eficácia. O valproato ou o divalproex podem ser combinados com o lítio. Respeitando-se as interações farmacocinéticas, eventualmente, o valproato ou o divalproex podem ser combinados também com a carbamazepina, nos casos resistentes à monoterapia. Efeitos colaterais comuns do valproato incluem: sedação; perturbações gastrointestinais; náusea; vômitos; diarréia; elevação benigna das transaminases; e tremores. Leucopenia assintomática e trombocitopenia podem ocorrer. Outros efeitos incluem: queda de cabelo (às vezes acentuada) e aumento do peso e do apetite. Em alguns casos, a leucpenia pode ser severa e acarretar a interrupção do tratamento. Efeitos idiossincráticos incluem o desenvolvimento de ovários policísticos e hiperandrogenismo. Casos de morte, embora raros, têm sido descritos devido a hepatotoxicidade, pancreatite e agranulocitose. Os pacientes ou seus responsáveis devem ser advertidos a respeito dos sinais e sintomas precoces dessas raras complicações. A intoxicação com doses excessivas eventualmente requer hemodiálise, além das medidas de suporte e, às vezes, do naltrexone. O valproato deve ser iniciado com doses baixas (250 mg por dia), titulando-se a dose em aumentos graduais de 250 mg com espaço de alguns dias, até a concentração sérica de 50 microgramas a 100 microgramas por ml (não se excedendo a dose de 60 mg/kg por dia). Controles dos níveis séricos, do hemograma e das enzimas hepáticas são requeridos. Os níveis séricos do valproato podem ser diminuídos pela carbamazepina e aumentados por drogas como a fluoxetina. O valproato aumenta os níveis séricos do fenobarbital, da fenitoína e dos tricíclicos. A aspirina desloca o valproato de sua ligação às proteínas, aumentando sua fração livre.

A carbamazepina (CBZ) tem sido utilizada no transtorno bipolar desde a década de 1970; estudos controlados sugerem taxa de resposta, na mania aguda, em torno de 61%. A CBZ tem sido menos estudada no tratamento da depressão bipolar, embora alguns estudos dêem suporte a sua utilização. Quatorze estudos controlados (ou parcialmente controlados) sugerem que a CBZ possa ser eficaz na profilaxia da doença bipolar, em que pesem algumas limitações metodológicas. Embora os níveis plasmáticos eficazes diferem muito entre os indivíduos, em geral, preconizam-se os níveis entre 4 a 12 microgramas por ml. Como a CBZ induz ao aumento de seu própro metabolismo, suas doses devem ser ajustadas depois de algum tempo, para que os níveis no sangue sejam mantidos. Deve-se lembrar que a indução de enzimas hepáticas pela carbamazepina reduz os níveis de várias outras substâncias (como os hormônios tiroideanos) e medicamentos, entre os quais os anticoncepcionais, cujas doses devem ser reajustadas, em acordo com o ginecologista.

Entre os efeitos colaterais da CBZ estão: diplopia, visão borrada, fadiga, náusea e ataxia. Esses efeitos geralmente são transitórios, melhorando com o tempo e/ou com a redução da dose. Menos freqüentemente observam-se “rash” cutâneo, leucopenia leve, trombocitopenia leve, hipoosmolaridade e leve elevação das enzimas hepáticas (em 5% a 15% dos pacientes). Caso os níveis da leucopenia e a elevação das enzimas hepáticas se agravem, a CBZ deve ser interrompida. A hiponatremia deve-se à retenção de água devido ao efeito antidiurético da CBZ, mais comum nos idosos; às vezes, a hiponatremia leva à necessidade de interromper o uso desse medicamento. A CBZ pode diminuir os níveis de tiroxina e elevar os níveis do cortisol. No entanto, raramente esses efeitos são clinicamente significativos. Efeitos raros, mas potencialmente fatais, incluem: agranulocitose, anemia aplásica, dermatite esfoliativa (por exemplo, Stevens-Johnson) e pancreatite. Os pacientes devem ser alertados sobre os sinais e sintomas que precocemente fazem suspeitar dessas condições. Muito raramente pode ocorrer insuficiência renal e alterações da condução cardíaca. Os cuidados prévios na introdução da CBZ incluem, além da anamnese a respeito de história prévia de discrasias sangüíneas e doença hepática, hemograma completo, enzimas hepáticas, bilirrubinas, fosfatase alcalina, eletrólitos (dado o risco de hiponatremia) e avaliação da função renal. As doses devem ser iniciadas aos poucos (100 mg/dia a 200 mg/dia, inicialmente), aumentando-se gradualmente até atingir níveis séricos compatíveis ou melhora terapêutica; as doses devem ser divididas em três ou quatro tomadas, aumentando-se o intervalo para as preparações de liberação lenta. Doses superiores a 1.200 mg/dia não são geralmente recomendadas. Inicialmente monitoram-se o hemograma e a função hepática a cada duas semanas, nos primeiros dois meses, e, posteriormente, a monitoração ocorre a cada três meses. Muitas das condições descritas acima não são previstas por meio desses exames, devendo os pacientes serem instruídos a relatar os sintomas precoces de cada condição potencialmente perigosa (leucopenia, quadros alérgicos, icterícia, entre outros sintomas).

Novos anticonvulsivantes têm sido testados no transtorno bipolar, como a oxcarbazepina, a lamotrigina, a gabapentina e o topiramato. Ainda não existem muitos estudos controlados com esses medicamentos, o que faz com que sejam empregados com cautela e para casos resistentes aos tratamentos já estabelecidos.

A oxcarbazepina é o 10- ceto análogo da carbamazepina (CBZ), que em contraste com esta, não induz ao aumentodo metabolismo oxidativo hepático. Aparentemente, a oxcarbazepina causa menos sedação e “rash” cutâneo do que a CBZ, assim como não eleva as enzimas hepáticas na mesma freqüência do que a CBZ. Alguns estudos controlados indicam sua eficácia na mania aguda, podendo eventualmente substituir a CBZ, quando ela não for bem tolerada. Faltam, no entanto, estudos referentes à depressão e à profilaxia do transtorno bipolar. As doses utilizadas, em diferentes estudos, têm variado entre 600 mg/dia a 2.400 mg/dia, administradas em dois a três tomadas diárias; o aumento das doses deve ser gradual.

A lamotrigina é um anticonvulsivante da classe da feniltriazina, que tem se mostrado eficaz no tratamento do transtorno bipolar, incluindo os estados mistos e os cicladores rápidos. De especial importância reveste-se o estudo randomizado e controlado, realizado por Calabrese et al (1999), que mostrou a eficácia da lamotrigina no tratamento da depressão bipolar. Seus efeitos colaterais incluem: tonturas, ataxia, sonolência, cefaléia, diplopia, náuseas, vômitos e “rash” cutâneo. A lamotrigina pode reduzir a concentração do ácido fólico. A diminuição do ácido fólico, por sua vez, tem sido relacionada à teratogênese. Por essa razão, a lamotrigina não deve ser usada durante a gestação. Os autores advertem o risco de “rash” curtâneo, que pode ser grave, e alertam para a possibilidade, embora rara, do desenvolviumento da síndrome de Stevens-Johnson. Recomenda-se iniciar a lamotrigina em doses baixas: 25 mg/dia por uma semana, seguida por 50 mg/dia por mais duas semanas; se necessário, aumenta-se a dose, depois de mais duas semanas, para 100 mg por dia, em duas tomadas; posteriormente, pode-se aumentar a dose em 50 mg a 100 mg a cada uma ou duas semanas. Em geral, usam-se doses diárias de 50 mg/dia a 250 mg/dia. Caso o paciente esteja em uso de ácido valpróico, as doses devem ser reduzidas à metade, sendo a titulação da dose iniciada com 25 mg a cada dois dias; a associação com ácido-valpróico aumenta o risco de “rash” cutâneo. Caso haja associação à carbamazepina, as doses devem ser duplicadas, em função da indução enzimática que ocorre.

A gabapentina não sofre metabolização no organismo humano, sendo eliminada pelos rins praticamente inalterada. Não interage, por isso, com o sistema do citocromo P 450, sendo praticamente destituída de interações farmacológicas. Seus efeitos colaterais mais comuns são: sonolência, tonturas, ataxia, fadiga e nistagmos. As doses terapêuticas usuais situam-se entre 900 mg/dia a 1.800 mg/dia, divididas em três doses. Inicia-se o tratamento com 300 mg, geralmente à noite, pela sonolência que acarreta, aumentando-se gradualmente as doses, em 300 mg ao dia, a cada três ou quatro dias, na dependência da tolerabilidade do paciente. Embora haja muitos estudos abertos e “naturalísticos”, faltam ainda estudos prospectivos, randomizados, que possam confirmar a eficácia da gabapentina, em monoterapia, no transtorno bipolar.

O topiramato tem sido , mais recentemente, testado no transtorno bipolar; seus efeitos colaterias incluem: perda de peso, redução do apetite, náuseas, parestesias, sonolência, tonturas e cansaço. Em monoterapia, o topiramato mostrou-se útil em cinco dos 11 pacientes com mania refratária, em doses de 50 mg/dia a 1.300 mg/dia. Em associação a outras drogas, tem-se mostrado útil também na depressão bipolar, mania, hipomania e em estados mistos. Aguardam-se estudos prospectivos, controlados, com número maior de pacientes.

Neurolépticos

Há muito tempo, os neurolépticos clássicos têm sido utilizados no tratamento da mania aguda, pela rapidez da ação e pelo controle da agitação psicomotora; seu uso, no tratamento de manutenção, é evitado pelos efeitos colaterais (parkinsonismo, acatisia e risco do desenvolvimento de discinesia tardia), podendo ainda desencadear ou agravar quadros depressivos. Neurolépticos atípicos, como a clozapina, têm sido usados como estabilizadores do humor em quadros resistentes. A clozapina, no entanto, tem seu uso limitado pelo risco de agranulocitose. A risperidona e a olanzapina têm sido também utilizadas na mania aguda; a olanzapina começa a ser testada como estabilizadora do humor.

A olanzapina, em pesquisa randomizada e controlada com placebo, mostrou-se eficaz no controle da mania aguda, e está sendo estudada como estabilizadora do humor.

Outros agentes

Bloqueadores dos canais de cálcio, clonidina e a estimulação magnética transcraniana de repetição (rTMS) têm sido utilizados no tratamento do transtorno bipolar. Seu uso ainda é experimental e limitado a casos resistentes a outras drogas. O clonazepam é mais freqüentemente usado como coadjuvante, nos casos de agitação e insônia.

Eletroconvulsoterapia

A eletroconvulsoterapia conserva lugar de destaque no tratamento dos casos resistentes, mostrando ação antidepressiva, antimaníaca e estabilizadora do humor. Em casos refratários, chega a ser utilizada, dentro de certos limites, até como tratamento de manutenção (em aplicações mensais). O ECT deve sempre ser realizado com relaxantes musculares (geralmente, a succinilcolina), anestesia e oxigenação; além da oximetria, deve-se monitorizar o EEG e o ECG. Recomenda-se que a eletroconvulsoterapia deva ser feita com corrente de pulsos breves (“onda quadrada”) e aplicada somente por médicos com treinamento especializado.

Referências

1. Sachs G, Printz DJ, Kahn DA, Carpenter D, Docherty J. The expert consensus guideline series: medication treatment of bipolar disorder 2000. Postgraduate Medicine: A special report (April); 2000. p. 1-104.

2. Frances A, Docherty JP, Kahn DA. The expert consensus guideline series: treatment of bipolar disorder. J Clin Psychiatry 1966;57(Suppl 12A):1-88.

3. American Psychiatric Association. Practice guidelines for the treatment of pacients with bipolar disorder. Am J Psychiatry 1994;151(12):1-36.

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